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Problemas nos polos


Edição de Jun / Jul de 2011 - 04 ago 2011 - 14:29 - Última atualização em: 22 dez 2011 - 10:01
Promissora iniciativa do MDA é alvo de críticas. Ministério utiliza dados incompletos para se defender

Fábio Rodrigues, de São Paulo

No começo de abril, a Federação Nacional de Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura Familiar (Fetraf-Brasil) organizou na Bahia o II Encontro Interestadual de Biodiesel para debater as oportunidades de participação dos pequenos produtores rurais na cadeia de produção do biodiesel. A organização fez duras criticas às dificuldades que os agricultores precisam superar para conseguir aproveitar essa oportunidade.

Um dos alvos foi justamente os Polos de Biodiesel concebidos pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Os polos seriam um espaço aberto no qual todas as partes interessadas poderiam acertar suas diferenças e fazer a produção de oleaginosas da agricultura familiar disparar.

A coordenadora geral da Fetraf-Brasil, Elisângela Araújo, reconheceu que os polos oferecem uma oportunidade importante para que o governo federal supervisione as ações de inclusão da agricultura familiar no PNPB, mas ressaltou que a iniciativa tem falhado em envolver diversos atores estratégicos e que isso tem desperdiçado boas chances de fazer a agricultura familiar avançar. “As secretarias estaduais de agricultura e as delegacias do MDA deveriam participar das ações dos polos de forma articulada”, reclama a coordenadora.

Segundo o MDA, os números estão a favor da atuação dos polos, mas o próprio ministério reconhece que nem todos funcionam como deveriam. Em 2008, o número de famílias que forneciam oleaginosas para usinas de biodiesel era de 27 mil. Desde então, esse índice tem praticamente dobrado a cada ano.

O que o ministério não menciona é que em 2006, antes mesmo da existência dos polos, o número de famílias incluídas no Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel chegou a mais de 60 mil. É evidente que na época os números foram alavancados pela atuação da Brasil Ecodiesel, e o mesmo papel hoje é desempenhado pela Petrobras Biocombustível (PBio). Os polos de biodiesel são uma iniciativa promissora, mas como o MDA não informa a participação de cada usina na inclusão social, é possível acreditar que o crescimento no número de famílias está muito mais ligado à presença da PBio do que à atuação dos polos.