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Usinas: Termômetro do setor


Edição de Out / Nov de 2010 - 15 out 2010 - 13:49 - Última atualização em: 19 jan 2012 - 11:47
Alice Duarte, de Curitiba

Acabaram de atracar no setor, ou devem chegar ao mercado no curtíssimo prazo, pelo menos cinco novas usinas de biodiesel, com diferentes tamanhos e modelos de negócio. A entrada das “sojeiras”, empresas tradicionais de comércio e processamento de grãos, continua determinando o modelo predominante de verticalização no setor, atrelado à originação de matéria-prima. Mas na lista das novas usinas há também outro perfil de empresa verticalizada, que integra a produção de biodiesel com o último elo da cadeia: a distribuição e revenda de combustíveis. Algumas já venderam sua produção nos últimos leilões, outras estão com tudo pronto, apenas aguardando a autorização da ANP para produzir o biocombustível. A seguir, saiba mais sobre o perfil de cada uma delas e como pretendem atuar no mercado.


Grand-Valle

Até dezembro deste ano, deverá entrar em operação no município de Porto Real a segunda usina do Rio de Janeiro. A Grand-Valle recebeu investimento de R$ 12 milhões do grupo JRL Participações, que atua no ramo de distribuição, armazenamento e revenda de combustíveis e também no segmento imobiliário. A usina foi construída aproveitando parte das instalações de uma antiga fábrica engarrafadora de querosene e de produção de asfalto diluído e terá capacidade para produzir até 89 milhões de litros por ano. A Grand-Valle está utilizando tecnologia própria, desenvolvida em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sob a orientação do engenheiro químico Donato Aranda.

A meta inicial era concluir as obras em agosto e participar já do 19º Leilão de Biodiesel, mas as autorizações não saíram a tempo. Segundo o gerente geral da usina, Valmiro Ferreira, a unidade está praticamente concluída, restando apenas finalizar a automação da fábrica. “Chega de investir, agora queremos ganhar dinheiro”, diz Ferreira.

Antes mesmo de dar o pontapé inicial na produção de biodiesel, a Grand-Valle já tem planos concretos (e ambiciosos) de expansão. “Vamos construir na região de Ourinhos (SP) uma usina de 360 milhões de litros por ano”, antecipa o gerente. A empresa tem o terreno e planeja iniciar as obras em maio do ano que vem.


Grupal

Com dez anos de atuação no segmento agroindustrial, a Grupal entrou este ano no mercado de biodiesel com a compra da Cooami, em Sorriso (MT). Investiu R$ 12 milhões na ampliação da capacidade de produção, passando de 3,6 milhões de litros para 43 milhões de litros por ano. Sua entrada oficial no mercado aconteceu no último leilão da ANP, em que vendeu 7 milhões de litros e ficou entre as 17 empresas que mais venderam. “O leilão é igual vestibular. Se não conseguir vender, a empresa fica parada por três meses”, diz José Luiz de Souza Freire, diretor administrativo-financeiro.

A Grupal ainda não possui o selo social, mas está com solicitação em andamento, que deve sair até o final do ano. A empresa está fomentando soja junto à agricultura familiar, disponibilizando maquinário e estrutura de armazenamento. “Estamos pagando R$ 1,00 a mais pela soja no Estado. Também estamos fomentando o plantio de crambe e girassol como segunda safra”, informa Freire. O diretor conta que a dificuldade tem sido articular os agricultores, pois não há um grande número de cooperativas no Estado.

A empresa arrendou parte de uma esmagadora da Sperafico Agroindustrial em Cuiabá (MT) para processar soja, com capacidade para 1.500 toneladas/dia. Integrada à usina de Sorriso, há uma esmagadora com capacidade para 100 toneladas por dia. Ela será utilizada para processar caroço de algodão e girassol proveniente da agricultura familiar. A empresa já comprou maquinário para ampliar a capacidade de extração para 240 toneladas/dia.