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Mamona

Aspectos Econômicos da Mamona


zzz8 - 01 fev 2006 - 23:00 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:22

Mamona e Economia

A mamona hoje, é colocada pelo governo como uma planta de excelente potencial e está incentivando seu plantio, principalmente nas regiões carentes do Brasil. O governo brasileiro tornou-se um dos maiores divulgadores e promotores dessa cultura, ao sinalizar que essa deve ser a principal oleaginosa, no ainda tímido, processo de substituição do diesel brasileiro. A premissa básica do governo é realizar um programa de grande benefício social, assegurando uma contínua fonte de renda para as famílias de regiões que estejam à margem do processo de desenvolvimento econômico do país. A mamona se encaixa nesse programa, pois é um sistema pouco mecanizado, os agricultores utilizam sementes comuns e não usam insumos modernos, como adubos e agrotóxicos.

Em resposta ao lançamento de diversos programas, no âmbito de diferentes esferas governamentais, o Brasil conseguiu alcançar uma grande recuperação da produção nacional de mamona em relação às safras dos últimos dez anos. Mas o aumento ainda é pequeno, relacionado à ambição do governo, devido a diversos fatores que serão analisados ao longo do texto.

Assim, a safra de 2004/05, deverá atender a demanda de matéria-prima para este ano, das principais empresas esmagadoras existentes na Bahia, São Paulo e Minas Gerais. Nesse ponto que está o problema, onde se encontra a falha no programa do governo. Pois é o produtor, a peça fundamental no programa de incentivo ao biodiesel, que deveria ser um dos grandes beneficiados com o plantio da mamona, porém os preços sendo controlados por essas principais empresas esmagadoras, acabam com o incentivo do produtor na medida que muitas vezes o produtor tem de vender abaixo do preço de custo, ou ainda ter que ir de “porta em porta” para conseguir vender sua produção.

O governo tenta contornar esse problema com políticas de preço mínimo e contratos de longo prazo, mas que na prática não funcionam com eficácia, em função do baixo preço mínimo estabelecido e por algumas empresas privadas, que como dito acima, às vezes não chegam a cobrir os gastos do produtor.

Para agravar a situação, ainda não se concretizou de maneira efetiva, o programa de biodiesel; levando os produtores, que optaram por aumentar o plantio de mamona, verem os preços da saca de mamona despencarem e com recuperação difícil (safra 2004/05).

Dada a importância social do agronegócio da mamona no Nordeste brasileiro, é fundamental o comprometimento governamental (Federal, Estadual e Municipal) por meio de políticas agrícolas e industriais adequadas, ou seja, políticas que favoreçam o produtor, que gerem uma remuneração satisfatória para que, conseqüentemente, venham a plantar mais.

O fator principal de incentivo ao agricultor, é estabelecer unidades esmagadoras diretamente ligadas aos produtores.

A sustentabilidade de um programa de biodiesel, baseado na mamona exigirá fortalecimento substancial da base agrícola, de suporte para o desenvolvimento e disseminação de novas variedades. O fator principal de incentivo ao agricultor, é estabelecer unidades esmagadoras diretamente ligadas aos produtores, onde estes possam se beneficiar não apenas das vendas de bagas de mamona, as quais hoje oferecem alto risco, mas também da comercialização do óleo bruto. Com a ligaçõs dos produtores com unidades esmagadoras, não aconteceria o que estamos vendo nesse momento.

Para incentivar o plantio da mamona, principalmente no Nordeste, não precisaria o governo ligar a mamona ao biodiesel. Bastaria reduzir o numero de intermediários, ou atravessadores que estão no caminho, entre o produtor no Nordeste e a indústria no Sudeste. O que acontece hoje, o produtor fica com o trabalho, muitas vezes com o custo também, e os atravessadores com o lucro.

Ao optar pelo plantio da mamona, é extremamente importante procurar agregar cada vez mais valor a produção, assim deve-se destacar medidas relativas à produção agrícola, principalmente pelos métodos racionais de cultivo e evolução técnica, pelo maior emprego de máquinas e plantio de variedades produtivas e de melhor rendimento em óleo.

A torta é um importante co-produto da cadeia produtiva da mamona e a possibilidade de aumento na produção nacional de mamona faz crescer a necessidade de agregar-lhe maior valor seja como adubo orgânico controlador de nematóides ou como alimento animal rico em proteína.

O produtor fica com o trabalho, com o custo, e os atravessadores com o lucro.

Os maiores entraves à maior agregação de valor, são a inexistência de processos industriais de custo aceitável, viabilidade operacional e comprovadamente eficazes na destoxificação e desalergenização, além de tecnologia para acompanhamento da segurança do produto. Porém, os restos culturais da mamoneira podem devolver ao solo até 20 toneladas de biomassa e as folhas podem servir de alimento para o bicho-da-seda. Assim a torta como adubo possui hoje no mercado um excelente valor nutritivo e consequentemente financeiro.