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Alta do dólar levou JBS a prejuízo de R$ 911 milhões no 2º trimestre


Valor Econômico - 15 ago 2018 - 09:01

Os negócios de carne bovina da JBS no Brasil e sobretudo nos EUA impulsionaram o desempenho da empresa brasileira no segundo trimestre, gerando quase R$ 2 bilhões em caixa livre. Apesar disso, o impacto – sem efeito sobre o caixa – da apreciação do dólar sobre o valor em reais das dívidas em moeda estrangeira ofuscou os resultados.

No segundo trimestre, a JBS teve um prejuízo de R$ 911 milhões. No mesmo intervalo de 2017, a empresa lucrou R$ 309 milhões. O impacto da alta do dólar sobre a dívida também elevou a alavancagem (dívida líquida sobre o Ebitda), de 3,2 vezes em março para 3,5 vezes no fim de junho.

Desconsiderando o impacto do câmbio sobre a dívida, a JBS teve um lucro líquido de R$ 2,9 bilhões no segundo trimestre. Trata-se de um ganho mais de nove vezes superior ao visto um ano antes.

Embora a alta do dólar tenha um impacto negativo sobre as dívidas, a depreciação do real é positiva para as exportações da JBS e para a receita das operações da empresa fora do Brasil, as mais relevantes. No segundo trimestre, a receita líquida da JBS somou R$ 45,1 bilhões – alta de 8,4% – sobre os R$ 41,6 bilhões registrados no mesmo intervalo de 2017.

Puxado pelo negócio de carne bovina dos EUA, que está em um dos melhores momentos da história – beneficiado pela demanda aquecida no país e pela maior oferta de bois –, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado da JBS atingiu R$ 4,2 bilhões no segundo trimestre, alta de 12,8% ante o Ebitda de R$ 3,7 bilhões do mesmo período do ano passado. Com isso, a margem Ebitda ajustada da empresa brasileira foi de 9,4%, 0,4 ponto percentual acima da reportada um ano antes.

O Ebitda foi ajustado para retirar o efeito da greve dos caminhoneiros no Brasil, que teve um impacto de R$ 112,9 milhões sobre os resultados da Seara, a unidade que agrega as operações de aves, suínos e de alimentos processados no Brasil.

Considerando as diferentes unidades da JBS, o negócio de carne bovina nos EUA registrou o melhor desempenho em rentabilidade. No segundo trimestre, o Ebitda da JBS USA Carne Bovina (que também contempla as operações no Canadá e na Austrália) cresceu 75,8% na comparação anual, para US$ 570,1 milhões. Assim, a margem Ebitda atingiu 10,2%, ante 5,9% no segundo trimestre do último ano.

Por outro lado, as operações de frangos (Pilgrim’s Pride) e suínos da JBS nos EUA foram prejudicadas pela concorrência com a carne bovina e pela disputa comercial dos EUA com China e México, o que afetou os preços dessas proteínas no mercado americano. Entre abril e junho, o Ebitda da Pilgrim’s caiu 37%, para US$ 282,5 milhões, e a margem recuou de 16,3% para 10%. No caso das operações de carne suína, o Ebitda recuou 42%, para US$ 103,4 milhões, com a margem caindo 4,5 pontos percentuais na comparação anual, a 7,2% no segundo trimestre.

De acordo com uma fonte próxima à JBS, os negócios de carne de frango e carne suína nos Estados Unidos apresentam “desafios”, mas o bom momento na operação de carne bovina mais do que compensa, sobretudo porque essa divisão de negócios no mercado americano é a mais importante da JBS. No segundo trimestre deste ano, por exemplo, representou mais de 40% da receita da empresa.

No Brasil, país cujas operações são responsáveis por mais de 20% das vendas (incluindo as exportações), o negócio de carne bovina teve sensível melhora, com aumento dos abates e recuperação da rentabilidade. O negócio foi o mais prejudicado em 2017 pela delação dos Batista.

No segundo trimestre, o Ebitda do negócio de carne bovina no Brasil somou R$ 358,6 milhões, alta de 37,4% na comparação anual. Já a margem saiu de 4,2% para 6,2%. A Seara foi prejudicada pelo excesso de oferta de carne de frango no Brasil e pela paralisação dos caminhoneiros, o que fez o Ebitda cair 68%, para R$ 113,8 milhões.