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RenovaBio

Soja brasileira pode ser o biocombustível do futuro


Gazeta do Povo - 10 set 2018 - 08:34

Criada em 2017, a RenovaBio, sigla para Política Nacional de Biocombustíveis, iniciativa do Ministério de Minas e Energia, tem como objetivo massificar a utilização de biocombustíveis no País, além de reduzir as emissões de gases de efeito estufa. E a soja tem um papel fundamental neste contexto.

Segundo maior produtor mundial de oleaginosa, o Brasil na última década aumentou a destinação de óleo de soja para a fabricação de biodiesel em 243%, chegando a 2,9 milhões de toneladas, de acordo com informações da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove). No mesmo período, a produção de soja em grão subiu 84% e a de óleo de soja 31,6%, totalizando 110,2 milhões de toneladas e 8,3 milhões de toneladas, respectivamente. E isso mesmo com as usinas operando com apenas metade da capacidade, conforme a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

De acordo com o gerente de economia da Abiove, Daniel Amaral Furlan, o Brasil tem no biodiesel a melhor opção para agregar valor, gerar empregos e reduzir as emissões de gases do efeito estufa. “O biodiesel tem sido um vetor importante para a indústria. O biocombustível está alinhado com a política do programa RenovaBio de contribuir com o Brasil para atingir as metas de combate às mudanças climáticas”, diz. “Além disso, o biodiesel melhora a qualidade do ar pela redução das emissões de poluentes, o que indica seu potencial de uso crescente nas frotas de ônibus urbanos”, complementa.

Na opinião de Furlan, toda a cadeia ganha com o biodiesel, inclusive o produtor de soja, dentro da porteira. O Crédito de Descarbonização por Biocombustíveis (CBio) é um exemplo. Previsto no RenovaBio, o CBio é um ativo financeiro, negociado em bolsa, emitido pelo produtor de biocombustível, a partir da nota fiscal.

Segundo Furlan, as usinas de biodiesel vão precisar de informações detalhadas sobre a procedência da soja mais CBIOs. “Atualmente, sem o CBio, o produtor tem incentivos para vender sua produção para fabricação de biocombustível. Um agricultor que prepara sua lavoura com esse objetivo, precisa ser remunerado da maneira adequada, já que o gasto vai ser diferente, o manejo vai ser diferente”, afirma.

O Brasil foi o segundo maior mercado de biodiesel em 2017, seguindo os Estados Unidos, com 7,4 bilhões de litros. O Centro-Oeste e o Sul foram as regiões com maior produção, responsáveis por 82% do total.

Biodegradável, o biodiesel é um combustível renovável feito a partir de gorduras animais ou óleos vegetais, como os derivados de mamona, dendê, girassol, canola, gergelim, soja, entre outras plantas. O óleo diesel, derivado de petróleo utilizado por automóveis e geradores, pode ser substituído total ou parcialmente pelo biodiesel, misturado em diferentes proporções. Atualmente, por lei, o governo federal exige 10% de percentual de mistura de biodiesel no diesel comum vendido ao consumidor.