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Motores

Volvo encara perspectiva de recall de caminhões em diversos continentes


Financial Times - 18 out 2018 - 16:28

A fabricante de caminhões Volvo Group está encarando a perspectiva de um recall de veículos em diversos continentes, depois de admitir que seus caminhões podem estar emitindo um nível superior ao permitido de óxido de nitrogênio (NOx). As ações da companhia sueca caíram 6% depois que ela previu que incorreria em custo material por conta dessa questão, causada por um desgaste mais rápido que o esperado no "componente de controle de emissões" de seus veículos.

"O Grupo Volvo detectou que um componente de controle de emissões usados em certos mercados nos quais vigoram padrões rigorosos para a emissão de poluentes está se degradando mais rápido do que era esperado, o que reduz sua capacidade de converter o óxido de nitrogênio (NOx) com a eficiência pretendida, e por sua vez pode fazer com que os motores ou veículos excedam os limites para emissões de NOx", a empresa anunciou.

"Uma análise completa da questão e planos envolvendo as autoridades regulatórias ainda não estão completos, portanto a empresa não é capaz de estimar, neste momento, o número de veículos ou motores que podem ter de ser reparados".

As regiões com o maior número de caminhões afetados pelo recall devem ser a América do Norte e a Europa, a empresa acrescentou; ela vendeu 150 mil veículos nas duas regiões no ano passado.

Analistas alertaram que o mesmo problema pode ocorrer em outras marcas de veículos caso o problema tenha origem em um componente produzido por um fornecedor terceirizado.

Um porta-voz da Traton – a divisão de caminhões do grupo Volkswagen que controla as marcas MAN e Scania –, disse que "não existem indicações de que os motores usados pela MAN e Scania possam exceder os limites de emissões de poluentes por conta de degradação de elementos de controle de emissões em ritmo mais rápido que o esperado".

A Daimler não respondeu a pedidos de comentário.

O segmento de caminhões em geral evitou ser arrastado ao escândalo de emissões que varreu toda a indústria automobilística, ainda que cinco marcas de caminhões tenham sido multadas em € 3 bilhões pela Comissão Europeia em 2016, por conluio para postergar medidas de redução de emissões que envolveriam seus veículos.

Cerca de três anos depois da revelação, em 2015, de que a Volkswagen havia vendido 11 milhões de veículos equipados com um software que manipulava o nível de emissão de poluentes em condições de teste de laboratório, a questão ainda vem resultando em pesadas multas para a montadora alemã.

Na terça-feira, a Audi foi multada em € 800 milhões por um tribunal alemão, por envolvimento no caso original da Volkswagen, conhecido como "dieselgate".

Procuradores públicos em Munique multaram a subsidiária de carros de luxo da Volkswagen em um máximo de cinco milhões de euros, e mais € 795 milhões como compensação pelos benefícios econômicos que a Audi derivou de contornar as leis de controle de poluição.

Os procuradores afirmaram que fiscalização frouxa havia permitido "desvios quanto aos requisitos regulatórios em certos veículos equipados com motores diesel V6 e V8", fabricados e distribuídos pela Audi.

A Volkswagen se admitiu culpada por equipar carros com software que permitia que trapaceassem em testes, no começo de 2017 nos Estados Unidos. No mundo real, os veículos emitiam 40 vezes mais óxido de nitrogênio do que o volume permitido.

O escândalo custou mais de € 30 bilhões (cerca de R$ 129 bilhões) à montadora, com a vasta maioria das punições incidindo sobre suas operações na América do Norte, onde a empresa se viu forçada a recomprar centenas de milhares de carros. Em junho, procuradores públicos do estado alemão de Braunschweig impuseram à Volkswagen uma multa recorde de um bilhão de euros.

Ainda que esta multa mais recente seja punitiva, ela fecha as portas de mais um caso de fraude enfrentado pela companhia alemã.

A Porsche, controlada pela Volkswagen, continua a ser investigada pela justiça estadual em Stuttgart (estado de Baden-Württemberg).