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Cidades

Cronograma do biodiesel está longe de ser cumprido


Valor Econômico - 05 jun 2017 - 09:35

As promessas de substituição de combustíveis fósseis por fontes de energia renovável nas frotas urbanas de ônibus são recorrentes em campanhas políticas nas grandes metrópoles. Mas, na realidade, as experiências em vigor são apenas pontuais e normalmente têm esbarrado na falta de planejamento de políticas públicas e na pouca disposição dos empresários do setor.

A alternativa mais viável economicamente é o biodiesel de soja, matéria-prima abundante e capaz de suprir as necessidades do transporte coletivo urbano. A solução está amparada pelo programa federal RenovaBio, que estabelece um cronograma de adição gradativa de biodiesel ao diesel, que deve chegar a 10% (B10) em março de 2019. Desde março, o diesel comercializado no país está no padrão B8. A iniciativa faz parte do compromisso brasileiro em adequar-se às metas ambientais firmadas na COP21, Conferência Mundial do Clima, realizada em Paris, em 2015.

De acordo com estudos internacionais, um ônibus movido a biodiesel (B100) emite 63,7% menos material particulado, 46% menos monóxido de carbono, 65% menos hidrocarbonetos totais e 63,1% menos gases de efeito estufa. Em 2009, a prefeitura de Curitiba (PR) iniciou um programa piloto com ônibus B100 na Linha Verde (corredor de ônibus). O projeto foi possível em razão de acordo firmado pelo então prefeito Beto Richa com as montadoras Scania e Volvo, empresários de ônibus, uma distribuidora de combustíveis e uma usina de biodiesel. Hoje, são 34 veículos operando com B100, sendo dois híbridos (elétricos e biodiesel B100). Há 28 híbridos movidos a B8, que ainda não foram convertidos a B100 por questões técnicas.

A frota poderia ser maior, mas uma liminar de 2013 dos empresários locais suspendeu a compra de veículos novos, o que impediu a entrada de 24 novos biarticulados B100. Segundo Élcio Karas, gerente de tecnologia do transporte da Urbanização de Curitiba S/A (Urbs), a prefeitura espera resolver a pendência judicial ainda este ano. A prefeitura espera também solucionar o impasse tributário relativo ao ICMS. Ao contrário da maioria dos Estados, o biodiesel não tem a mesma isenção concedida ao diesel.

O Brasil deve produzir 4,3 bilhões de litros de biodiesel, dos quais 520 milhões de litros (11%) são voltados para os ônibus urbanos, segundo a Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio). Segundo Erasmo Battistella, presidente da entidade, o setor tem condições de atender à demanda, em uma hipotética adição de B20 nos grandes centros.

Em São Paulo, uma lei de 2009 previa a presença de 100% de combustíveis renováveis em toda a frota em 2018, mas a Câmara Municipal discute projeto que fixa para 2018 a conversão para B20 e posterga para 2037 a adoção completa para B100

Guilherme Meirelles