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Projeto da Embrapa quer fazer do Inajá uma alternativa energética


Assessoria Embrapa - 16 mai 2014 - 16:18 - Última atualização em: 29 nov -1 - 20:53
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Acima da linha do Equador, o Brasil possui uma palmeira com potencial elevado para se tornar fonte de biocombustível. Desde 2010, a Embrapa por meio do PROPALMA, projeto financiado pela Finep, trabalha para viabilizar o cultivo de espécies de palmeiras produtoras de óleo nativas. Entra elas está o inajá, uma palmeira encontrada na região Norte.

A palmeira presente em grande quantidade em toda região Amazônica, com maior concentração em Roraima e no Amapá, possui fruto com elevada quantidade de óleo. De acordo com o pesquisador da Embrapa Roraima, Otoniel Duarte, os resultados mostram que o inajá é capaz de produzir cerca de 4.000 litros de óleo por hectare ao ano. Esse valor supera, em produtividade, outras fontes tradicionais de biocombustíveis e confirma o grande potencial da palmeira na produção óleos para atender ao crescente mercado de biodiesel. 

“O óleo produzido pelo inajá tem potencial de mercado bastante interessante”, afirma Alexandre Alonso, pesquisador da Embrapa Agroenergia e líder do Projeto PROPALMA.

Otoniel Duarte garante que o manejo do inajá também é uma alternativa viável e interessante para a agricultura familiar, tornando o ganho social outro ponto positivo dessa palmeira. “Características como ausência de espinhos, adaptação a solos pobres, resistência ao fogo, alta densidade por área e grande produtividade permitem um manejo barato e fácil para os pequenos produtores rurais, gerando energia e renda que tornam o inajá uma espécie atraente”, salienta.

Em Roraima, ocorrem as maiores concentrações da planta por hectare. Otoniel explica que o inajá, por ser uma planta rústica, era até muito recentemente considerado uma praga pelos produtores. A planta, no entanto, possui palmito nobre, polpa e amêndoas de onde é extraído o óleo, que pode ser utilizado também na indústria alimentícia, de cosméticos, de produtos farmacêuticos e rações. Esses usos eram desconhecidos pela população. “Após os resultados das pesquisas com o inajá começarem a ser divulgados pela Embrapa, muitos produtores passaram a nos procurar com informações sobre áreas com a palmeira e desejando orientação sobre possíveis usos. Com a difusão das informações sobre o potencial do Inajá, o que se percebe é que muita gente não elimina o inajazal. Inclusive nós temos produtores que já estão utilizando o inajá”, complementa Otoniel.

Sistema de Produção
Atualmente a exploração se dá exclusivamente por extrativismo e várias ações do projeto visam dar suporte a esse tipo de aproveitamento. A primeira ação consiste na identificação e mapeamento de maciços de ocorrência natural do inajá. “Para que a exploração extrativista ocorra de maneira sustentável e rentável é necessário primeiro identificar áreas em que as palmeiras ocorrem em maior concentração”, afirma Alexandre Alonso. A partir da identificação, os pesquisadores visam, a avaliar esses maciços quanto às suas diversas características e também determinar o potencial produtivo dos mesmos.

Outra ação importante é o investimento da Embrapa em ações que envolvem a determinação do ponto ideal de colheita como forma de garantir maior qualidade do óleo. Essas ações tem o propósito de indicar aos produtores o momento correto em que os frutos devem ser colhidos de forma a melhorar a qualidade e o rendimento do óleo, com impactos diretos na sustentabilidade e rentabilidade da atividade. Estes dados ainda estão em fase de análise no campo experimental em Roraima. Quando concluídos os estudos, os produtores terão informações sobre como colher cachos e frutos a fim de garantir óleo da melhor qualidade possível para produção de biodiesel e outros nichos de mercados mais específicos.

Além disso, a fim de que o inajá possa vir a ser explorado comercialmente, os pesquisadores da Embrapa têm focado no desenvolvimento de um sistema de produção para ele. Para tanto estão estudando métodos de manejo dos bosques nativos, as necessidades nutricionais da planta para indicar a adubação mais eficiente e a produção de sementes. Também estão determinando o espaçamento adequado entre as plantas e identificando os insetos e doenças que acometem a espécie. “Em conjunto, todas essas ações tem por objetivo tornar o inajá matéria-prima viável para a produção de óleo, que possa vir a ser utilizado para a produção de biocombustíveis”, conclui Alexandre Alonso.