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Macaúba

IAC e instituto alemão serão parceiros em pesquisa sobre macaúba


Assessoria SAA - 23 mar 2017 - 12:39

Pesquisadores do Instituto Agronômico (IAC) – órgão de pesquisa ligado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo – e do Instituto Fraunhofer, na Alemanha, vão somar esforços num projeto de desenvolvimento sustentável de cultivo de macaúba. Os detalhes da parceria foram acertados numa reunião realizada na semana passada.

A pesquisa será focada na análise da variabilidade genética da espécie com a seleção de matrizes que permitam aumentar a produção de óleo a partir dos frutos e sementes da macaúba. O objetivo é desenvolver a cadeia produtiva e novos produtos a partir desta palmeira oleífera nativa do Brasil.

O projeto foi aprovado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e pelo Governo Federal da Alemanha. As atividades tiveram início neste ano e deverão ser finalizadas em 2019.

Segundo o chefe de engenharia de processos do Instituto Fraunhofer, Peter Eisner, a reunião tem como objetivo acertar o compasso entre todos os envolvidos. “Por se tratar de projeto multidisciplinar que conta com mais de cinco parceiros na pesquisa, essa reunião é de grande importância para que os parceiros se familiarizem com as competências de cada membro”, afirmou.

Durante a reunião, Eisner falou sobre o potencial de aplicação de produtos da macaúba e apontou as possibilidades de uso da palmeira, que envolvem a produção de biocombustível, as indústrias farmoquímica e alimentícia, além da utilização das fibras da planta. O engenheiro ressaltou que todo o processo deve ser desenvolvido de acordo com a legislação alemã de baixo impacto ambiental.

O pesquisador também apresentou empresas brasileiras e alemãs que têm parcerias com o Instituto Fraunhofer e participarão do projeto.

Polpa

Pesquisa do IAC e do Polo Leste Paulista aponta que a produção de óleo na polpa da macaúba pode chegar a três mil quilos por hectare ao ano em plantios comerciais. Esse estudo é baseado em dados de centenas de plantas nativas, obtidos em diferentes localidades de São Paulo e Minas Gerais – onde a espécie ocorre naturalmente. “O óleo da polpa tem 70% de ácido oleico em sua composição, o que o credencia para produção de biodiesel, enquanto o óleo da semente é rico em ácidos graxos de cadeia curta, o que lhe confere excelente qualidade para as indústrias alimentícia e de cosméticos”, diz o pesquisador do IAC Carlos Colombo.

De acordo com Colombo, comparando os resultados colocam a produtividade da macaúba em pé de igualdade com a palma-de-óleo e muito acima de oleaginosas comerciais como a soja e o girassol – que geram, respectivamente, 420 e 890 quilos de óleo para cada hectare plantado. “Podemos inferir que a macaúba deverá produzir igual ou mais óleo do que o dendê, desde que tecnologias sejam incorporadas ao seu sistema de cultivo”, afirmou.

O pesquisador do IAC ressaltou o aumento do interesse da indústria e das pesquisas pela macaúba, a palmeira nativa de maior dispersão no território brasileiro. “Iniciamos as pesquisas há 10 anos, num momento em que outro grupo de pesquisa já trabalhava com esta palmeira no Brasil. Hoje, essa espécie atrai grande número de pesquisadores brasileiros, assim como da Costa Rica, Colômbia, México, Argentina, Paraguai e da Alemanha, em virtude das grandes possibilidades de uso energético e alimentício”, disse.

A palmeira ocorre naturalmente em diferentes ambientes. No Brasil ela pode ser encontrada nas regiões Norte, Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste. Além dos aspectos industriais atrativos, o pesquisador do IAC destacou que a exploração comercial apresenta fatores que promovem a inclusão social com sustentabilidade. “É muito comum encontrarmos grandes maciços naturais da macaúba em áreas de pastagens. No Pontal do Paranapanema, região onde temos um dos maiores assentamentos rurais do Brasil, a macaúba ocorre em grande abundância, podendo ser explorada comercialmente para agregação de renda local, sem necessidade de intervenção na paisagem existente”, disse.

Outro aspecto lembrado pelo pesquisador é que a biomassa para produção de energia é uma das principais alternativas energéticas de países com a geografia e dimensão do Brasil. “O Plano Paulista de Energia oferece um conjunto de diretrizes e propostas de políticas públicas na área da energia e destaca a macaúba como opção de cultivo no Estado de São Paulo, com vistas à ocupação de áreas não adequadas para mecanização ou espaços subutilizados”, completa.

Para o secretário de Agricultura e Abastecimento, Arnaldo Jardim, o plantio da macaúba poderá representar, em futuro próximo, importante instrumento de desenvolvimento regional. “E isso não será apenas para o Estado de São Paulo, outras regiões poderão ser beneficiadas pela pesquisa paulista, como recomenda o governador Geraldo Alckmin”, diz.

Após o encontro, o grupo realizou uma excursão ao município de Itapira, onde visitou um campo de macaúba monitorado há cinco anos pelo IAC. Os integrantes puderam observar a diversidade genética das plantas expressadas na sua altura, número de cachos e características dos frutos.

Com adaptação BiodieselBR.com