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Conferência BiodieselBR 2018

[CBBR 2018] A promessa da palma no Brasil


BiodieselBR.com - 26 out 2018 - 17:09

Apesar de seu ter um enorme potencial – com mais de 30 milhões de hectares aptos ao plantio –, a produção de palma-de-óleo vem tendo dificuldades para decolar no Brasil. O pesquisador da Embrapa, Bruno Laviola, vai analisar os fatores que vêm travando o avanço dessa cultura durante sua fala na Conferência BiodieselBR.

O óleo de palma é o óleo vegetal mais consumido em todo planeta com uma produção de 69,3 milhões de toneladas durante a atual temporada agrícola atual. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), isso corresponde a um pouco mais de um terço – 35,1% – da oferta global. O óleo de soja fica em segundo lugar com 27,8%.

Segundo Bruno, a maior vantagem da palma é sua elevada produtividade que pode chegar a ser oito vezes maior que a da soja. Somado à ampla disponibilidade de terras aptas ao cultivo no país, havia a expectativa de que a cultura acabaria se consolidando como uma importante fonte alternativa de óleos para a produção de biodiesel.

Essa promessa, no entanto, nunca chegou a se concretizar e o país atualmente conta com uma área plantada de mais ou menos 200 mil hectares. Segundo Bruno, faltam linhas de créditos capazes de dar conta das especificidades desta cultura. A palma-de-óleo é uma planta perene que demora muitos anos para dar os primeiros frutos e só atinge maturidade a partir do oitavo ano de plantio. “Você precisa de um investimento inicial elevado para formar uma grande área plantada e o retorno demora a chegar. É muito diferente de um cultivo anual onde você tem um fluxo de caixa regular”, comenta.

Região Norte

Além disso, a maior parte das terras aptas ao cultivo da palma no Brasil estão na Região Norte que enfrenta notórios problemas fundiários e de carência de infraestrutura que dificultam ainda mais os investimentos.

Ao contrário da soja e outros grãos oleaginosos que podem ser armazenados durante períodos consideráveis, o óleo de palma está concentrado em frutos que se estragam rapidamente depois de colhidos. “O processamento precisa acontecer em até 72 horas depois da colheita”, explica. Isso exige que os investimentos em plantações sejam conjugados com capacidade industrial e logística para que a cadeia possa realmente se estabelecer.

Falta de pesquisa

E há também a falta de prioridade em relação à pesquisa. “Descontinuaram as pesquisas em palma-de-óleo que vinham acontecendo no Brasil. Isso nos deixou pelo menos dois ciclos de melhoramento genético atrás do resto do mundo”, lamenta o pesquisador apontando que também há carência de investimentos na produção de sementes e mudas. “A disponibilidade de mudas no Brasil é um problema”, completa.

Bruno Laviola apresentará a palestra “A oportunidade da palma com a alta demanda de biodiesel” marcada para o dia 06 de novembro. Saiba mais sobre a programação da Conferência BiodieselBR clicando aqui.

Fábio Rodrigues – BiodieselBR.com