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Negócio

Opep chega a acordo para cortar produção e petróleo sobe 5%


G1 - 29 set 2016 - 14:03

Os preços do petróleo fecharam em alta de mais de 5% nesta quarta-feira (28), após notícia de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) alcançou um acordo para reduzir sua produção de petróleo. O acordo prevê um corte na produção para uma faixa entre 32,5 milhões e 33 milhões de barris por dia (bpd), ante a atual produção de 33,2 milhões de bpd, segundo a agência Reuters.

"A Opep tomou uma decisão excepcional hoje... Após dois anos e meio, a Opep alcançou consenso para gerir o mercado", disse o ministro do Petróleo iraniano Bijan Zanganeh, que havia entrado repetidamente em rota de colisão com a Arábia Saudita em encontros anteriores.

O corte na produção é o primeiro do gênero desde 2008. O quanto cada país vai produzir deverá ser decidido na próxima reunião formal da Opep em novembro, quando um convite para se unir aos cortes deverá ser estendido para países fora do grupo, como a Rússia, informa a Reuters.

A reunião informal da Opep aconteceu em Argel nesta quarta com o objetivo de conter o excesso de oferta no mercado global, que tem levado a uma acentuada queda de preços vista desde meados de 2014.

Os preços do petróleo despencaram devido a uma oferta muito elevada, resultante do "boom" de hidrocarbonetos de xisto americanos e da estratégia da Opep de manter sua produção para não perder fatias de mercado.

Reunião

O ministro de Energia do Catar, Mohamed Saleh Al-Sada, disse que a reunião de Argel foi muito longa, mas histórica, afirmando que o nível de redução por país será definido antes da próxima reunião do cartel, prevista para 30 de novembro.

O representante do Catar afirmou ainda que a reunião se desenvolveu "em uma atmosfera muito positiva que reflete a forte coerência na Opep", a fim de impulsionar os preços, que caíram mais de 50% desde meados de 2014.

"Foi inesperado, com certeza. Ninguém que eu conheço viu isso acontecendo. O mercado não parece estar posicionado para isso. Os fundamentos dos EUA já estão mais apertados do que nós esperávamos, e deve ficar mais apertado", disse à Reuters Scott Shelton, corretor do setor de energia e especialista em commodities da ICAP em Durham, na Carolina do Norte.

Segundo duas fontes da Opep disseram à Reuters, uma vez que as metas de produção forem atingidas, a Opep vai buscar cooperação de produtores de fora do grupo.

Queda nos preços

No início deste ano, o preço do barril de petróleo atingiu mínimas em quase 12 anos, sendo negociado abaixo de US$ 30. A commodity encerrou 2015 com queda acumulada de 35% e iniciou 2016 ladeira abaixo, em meio a preocupações com o crescimento da China, com a crise diplomática entre Irã e Arábia Saudita e aumento de estoques de derivados nos Estados Unidos.

Mas essa queda não se reflete no preço dos combustíveis no Brasil atualmente: desde o início de novembro de 2014, a Petrobras reajustou os preços do diesel e da gasolina duas vezes, enquanto cotação do petróleo tipo Brent caiu mais de 50% no período.

Preço do barril

O petróleo Brent (negociado em Londres) fechou em alta de 5,92%, a US$ 48,69 por barril, enquanto o petróleo WTI (negociado nos Estados Unidos), subiu 5,33%, encerrando a US$ 47,05 o barril.

Muitos operadores disseram estar impressionados de que a Opep havia conseguido chegar a um acordo, mas outros disseram que queriam ver os detalhes, destaca a Reuters.

"Esse é o primeiro acordo da Opep em oito anos! O cartel provou que ainda é relevante, mesmo na era do xisto! Esse é o fim de uma guerra de produção e a Opep declara vitória", disse Phil Flynn, analista sênior de energia da Price Futures Group.

Jeff Quigley, diretor de mercados de energia da Stratas Advisors, baseada em Houston, disse à Reuters que o mercado ainda vai descobrir quem vai produzir o que: "Eu quero ouvir da boca do ministro do Petróleo iraniano que ele não vai voltar aos níveis pré-sanções. Para os sauditas, isso só vai contra toda a sabedoria convencional do que eles vêm dizendo".

As economias do Irã e da Arábia Saudita dependem fortemente do petróleo, mas em um cenário pós-sanções, o Irã está sofrendo menos pressão dos preços do petróleo que caíram pela metade desde 2014 e pode expandir sua economia em quase 4% neste ano, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Já a Arábia Saudita enfrenta o segundo ano de déficit no orçamento após um rombo recorde de US$ 98 bilhões, uma economia estagnada e está sendo forçada a cortar os salários de funcionários do governo.
Tags: Opep Petróleo