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Negócio

Investimento em geração renovável cai 18% em 2016


Valor Econômico - 17 jan 2017 - 09:26

Os investimentos mundiais em energia limpa sofreram a maior queda em mais de uma década após uma estabilização da onda de investimentos no setor na China e Japão e devido à queda persistente nos preços dos painéis solares.

Um total de US$ 287 bilhões foi investido em parques eólicos, parques solares e outros sistemas de energia limpa em 2016, numa queda de 18% em relação ao recorde estabelecido em 2015, segundo a Bloomberg New Energy Finance.

Essa é a maior queda em um ano registrada pela empresa, que vem monitorando os investimentos em energia limpa desde 2004.

A queda ocorre em meio a preocupações de movimentos ambientalistas em face da ascensão de líderes populistas, como o presidente eleito dos EUA Donald Trump, que lançou dúvidas sobre a existência de mudanças climáticas e prometeu fomentar o setor de combustíveis fósseis.

Mas esse não parece ter sido um fator influente na queda do investimento no ano passado, disseram analistas. Uma desaceleração na China – superpotência em energia limpa -, foi uma das principais razões para a queda, seguida por cortes de investimentos no Japão, outro importante mercado.

Ambos os países estão se concentrando em “digerir” anos de investimentos recordistas incentivados por alguns dos mais generosos subsídios à energia renovável no mundo, disse Justin Wu, diretor da Bloomberg New Energy Finance para a Ásia.

A China está tentando revigorar suas redes elétricas e introduzir reformas nos mercados de energia para otimizar a geração renovável. Muitos países estão modernizando suas redes elétricas à medida que se disseminam sistemas de energia intermitente e limpa.

“No Japão, o crescimento futuro [no setor energético] não virá de projetos na escala de usinas de eletricidade, mas de sistemas solares instalados no topo de edifícios por consumidores atraídos pela economia cada vez mais favorável do autoconsumo”, disse Wu.

A queda nos investimentos acontece após um pico recorde em 2015, quando as energias renováveis passaram à frente do carvão como maior fonte de potência instalada do mundo.

A queda em 2016 não significa que a capacidade de energia renovável construída diminuiu. Estima-se que um recorde de 70 gigawatts de energia solar foi criado no ano passado, acima de 56GW em 2015, bem como outros 56GW de energia eólica.

Isso em parte deve-se ao fato de os preços dos painéis solares e de outros equipamentos continuarem a cair, o que significa que os investidores podem construir mais pelo mesmo custo.

Parques eólicos no mar passaram a ser um grande foco de tecnologia renovável em 2016. Eles atraíram US$ 30 bilhões de investimentos, ou seja, um aumento de 40% em relação ao ano anterior, pois desenvolvedores passaram a usar turbinas maiores e a incorporar outros avanços nas técnicas de construção que melhoraram a equação econômica desses sistemas.

As estatísticas referentes ao ano passado foram encorpadas pela aprovação do maior projeto eólico no mar em todo o mundo – o parque eólico de Hornsea –, que a dinamarquesa Dong Energy está construindo no litoral do Reino Unido a um custo de quase US$ 6 bilhões.