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Diesel renovável

Amyris indica que continua acreditando no diesel de cana


novaCana - 13 jan 2016 - 16:21
AmyrisDieselCana 130116Depois de um período relativamente silencioso da Amyris, a companhia americana de biotecnologia, com projetos para o desenvolvimento de farneseno e diesel de cana-de-açúcar, mostra que continua acreditando que um dia poderá substituir o diesel fóssil com sua tecnologia.

A empresa recebeu uma autorização da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para uso experimental do seu diesel de cana puro nos ônibus. A novidade é que a empresa decidiu testar o diesel renovável sem qualquer mistura com outros combustíveis, ao contrário do realizado até então.

O maior percentual de diesel de cana testado apareceu em uma autorização em 2015, que trazia a possibilidade de experimento de uma mistura contendo até 30% de óleo diesel de proveniente da planta.

O experimento que será realizado durante os próximos meses será realizado em veículos da frota da Viação Santa Brígida na cidade de São Paulo (SP) segundo a publicação oficial. Além disso, o consumo mensal não poderá exceder a marca de 30 mil litros.

Este pequeno volume sugere que a empresa realizará um teste bastante limitado. Nas autorizações anteriores, o volume era maior e envolvia várias companhias de transporte.

Avanço na proposta da Amyris

Dúvidas sobre a viabilidade da tecnologia da Amyris atingiram o auge após a associação com a São Martinho, para construção de uma planta de produtos químicos renováveis a partir do farneseno, ir por água abaixo.

Na época, a São Martinho justificou o rompimento devido ao “não atingimento de determinadas metas contratuais pela Amyris”, que acabou “impactando a viabilidade do projeto”. A parceria entre as companhias foi iniciada em 2010, mas não chegou a ter um impacto material.

Outro agravante para a viabilidade do projeto estava nos custos de produção da companhia. Em 2013 o portal novaCana apurou que a principal compradora do diesel de cana da Amyris (obtido pela hidrogenação do farneseno) pagava R$ 7,63 pelo litro do combustível. O valor indicava um prejuízo com a venda, já que, o custo de produção do farneseno estava acima dos US$ 4,00 por litro, o que, no câmbio do período, significava mais do que R$ 8,75.

Em novembro do ano passado, apesar do grande prejuízo, a Amyris, que é a única a tentar produzir diesel de cana-de-açúcar no mundo, conseguiu atingir o custo de produção mais baixo de sua história. O valor atingido foi a metade do custo médio registrado em 2014 e fortemente alardeada pela companhia.

Com o avanço, mas apenas em escalas menores, a Amyris alcançou a marca de US$ 1,75 por litro de farneseno em setembro de 2015. Anteriormente, a empresa relatava um custo de produção de US$ 2,36 por litro, o que já era uma redução significativa em relação à média de US$ 3,40 registrada em 2014.

Procurada, a Amyris manteve o silêncio sobre sua tecnologia.

Histórico de autorizações

Confira a seguir recentes autorizações da ANP recebidas pela companhia e suas especificações em relação ao uso experimental de combustíveis.

- 2 de julho 2015: a autorização foi para o uso experimental de combustível, constituído por 10% a 30% de óleo diesel de cana-de-açúcar, 7% de biodiesel e o restante de diesel A, em proporção volumétrica, em ônibus urbanos nas cidades de São Paulo com um volume mensal de até 1.500.000 de litros. As viações paulistas participantes foram a Gato Preto Ltda., a Santa Brígida Ltda. e a Transppass Transporte de Passageiros Ltda.

- 15 de setembro 2014: o combustível era constituído por 84% de óleo diesel A S10, 6% de biodiesel e 10% de óleo diesel de cana-de-açúcar, em proporção volumétrica, em ônibus urbanos nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro (a autorização veio em substituição à de 20 de junho de 2014, apenas com a inclusão de viação carioca).

Conforme a autorização anterior, a partir de 1º de novembro de 2014, o combustível não especificado de que tratava a liberação deveria conter 83% de diesel A S10, 7% de biodiesel e 10% óleo diesel de cana-de-açúcar.

As viações participantes foram a Redentor Ltda. do Rio de Janeiro, e a Gato Preto Ltda., Santa Brígida Ltda., e Transppass Transporte de Passageiros Ltda. Essas três últimas de São Paulo. O volume mensal também foi limitado em até 1.500.000 de litros.

- 10 abril de 2014: o combustível era constituído por 85% de óleo diesel A S10, 5% de biodiesel e 10% de óleo diesel de cana-de-açúcar, em proporção volumétrica, em frota cativa de 402 (quatrocentos e dois) ônibus urbanos na cidade de São Paulo com um volume mensal de até 1.500.000 de litros. As viações paulistas participantes foram a Gato Preto Ltda., a Santa Brígida Ltda. e a Transppass Transporte de Passageiros Ltda.

Marina Gallucci – novaCana.com