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Receita do Grupo Fiagril aumenta 10% e já se aproxima de R$ 3 bi


Valor Econômico - 09 abr 2014 - 09:47 - Última atualização em: 09 abr 2014 - 17:34
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A Fiagril, trading de grãos sediada em Lucas do Rio Verde (MT), fechou o ano passado com um faturamento de R$ 2,75 bilhões, 10% superior ao de 2012. Foi o último período, contudo, em que a empresa contabilizou resultados no ano civil. Agora, a apuração do balanço será feita com base no ano-safra e a expectativa é fechar os 17 meses encerrados em 31 de maio de 2014 com uma receita de R$ 3,9 bilhões, disse ao Valor Jaime Binsfeld, presidente da companhia.

"Decidimos mudar porque o ano civil não refletia exatamente a realidade, mostrava uma alavancagem muito alta", explicou. O desempenho é esperado mesmo com uma ligeira queda na movimentação de grãos pela trading. A estimativa da Fiagril é negociar 2,47 milhões de toneladas (1,670 milhão de soja e 800 mil de milho) no atual ciclo 2013/14, na comparação com as 2,5 milhões de toneladas do ciclo anterior. A empresa, que originalmente comercializava insumos, decidiu apostar na negociação de soja e milho há uma década, quando faturava apenas R$ 297 milhões.

Atualmente, 60% da receita da empresa vêm da comercialização de grãos, e os serviços de armazenagem compõem parte importante dessa operação. A Fiagril tem capacidade estática para estocar 730 mil toneladas em 12 unidades (dez em Mato Grosso e duas em Tocantins), mas há planos de expansão.

A companhia prevê investir cerca de R$ 36 milhões na construção de duas novas unidades em Mato Grosso em 2014, que devem adicionar 120 mil toneladas à capacidade de armazenagem. Nos últimos três anos, a Fiagril já havia gasto R$ 37 milhões para adquirir quatro armazéns. "A logística de Tocantins é melhor que a de Mato Grosso, e queremos continuar expandindo por lá. Mas provavelmente isso ficará para 2015", disse Binsfeld. O ritmo de avanço nesse segmento deve continuar acelerado, tendo em vista a ambiciosa meta de chegar a 2020 com uma capacidade para armazenar 5 milhões de toneladas de grãos.

No front logístico, a companhia está às voltas com as obras para a estruturação da Cianport, empresa criada em 2012 em parceria com a comercializadora de grãos Agrosoja para o escoamento pelo Norte do país, a partir do corredor formado pela rodovia BR-163 e a hidrovia do Rio Tapajós. A Cianport transportará soja e milho de um terminal em Miritituba, no Pará, para o porto de Santana, no Amapá.

Conforme Binsfeld, parte das licenças para o terminal em Miritituba ainda não foi conseguida, mas a unidade de recebimento no porto de Santana já começou a ser erguida. O comboio de barcaças e o rebocador também estão sendo construídos. "Nossa expectativa é conseguir que essas três etapas estejam em andamento ainda no primeiro semestre de 2014, para que no início de 2015 possamos começar a fazer o embarque por esse corredor", disse.

A expectativa é movimentar 1,8 milhão de toneladas por essa via. Estima-se que a obra absorva investimentos de R$ 350 milhões - valor não confirmado pelo presidente da Fiagril. O montante é muito próximo do que espera faturar a Serra Bonita Sementes, fruto de uma joint venture entre a Fiagril, o grupo SinAgro e a Boa Safra Sementes. Criada um ano atrás, a empresa se prepara para produzir cerca de 600 mil sacas de 40 quilos de sementes de soja este ano e prevê alcançar vendas de R$ 300 milhões na safra 2015/16.

A comercialização de insumos, que hoje responde por 26% do faturamento da Fiagril, também tem passado por mudanças. A empresa decidiu reduzir os negócios de barter, caracterizado pela troca de insumos por grãos. O motivo é a antecipação exagerada dessas operações: no passado, eram feitas com três a seis meses de antecedência em relação ao início do plantio, mas passaram a até 15 meses. "Em vários momentos, não havia liquidez no mercado para tomarmos esse barter na carteira", afirmou Binsfeld.

A Fiagril também colocou o pé no freio nos investimentos em biodiesel. A empresa tem uma usina em Mato Grosso com capacidade para processar 202 milhões de litros, mas a ociosidade é grande. No ano passado, o volume ofertado caiu a 97 milhões de litros (3,5% do movimento no país), ante os 127 milhões de 2012, em consequência da maior concorrência com plantas da Bunge e da Cargill recém-inauguradas na região.

Para 2014, a previsão é que a produção se recupere e alcance 120 milhões de litros, mas a cautela continua. "A tendência é buscar um custo operacional mais enxuto e aguardar uma mudança no marco regulatório que faça a atividade voltar a ser mais rentável, com o aumento de 5% para 7% na mistura de biodiesel ao diesel", observou o executivo.

Mariana Caetano – Valor Econômico