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Camera estuda usar sebo para retomar produção de biodiesel


Jornal do Comércio - 10 jan 2014 - 09:57 - Última atualização em: 29 nov -1 - 20:53
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A grande ociosidade das unidades de biodiesel no Brasil (estimada atualmente em cerca de 60% pela Ubrabio) gera uma oferta bem maior do que a demanda e tem impactado os grupos que atuam nesse setor. Devido a esse cenário, os preços nos leilões de comercialização do produto despencaram. Dentro desse contexto, a empresa Camera, que possui entre outros ativos uma usina em Ijuí, decidiu interromper neste mês de janeiro, temporariamente, a produção do biocombustível. Uma opção avaliada pela companhia para recuperar as condições de competitividade nesse segmento é a adição de sebo (matéria-prima animal) no biodiesel que fabrica.

A gordura animal, misturada com o óleo vegetal, diminui a qualidade do produto final, mas também abranda o custo do processo. “Estávamos optando por ter um produto premium, 100% vegetal, mas o mercado, hoje, não está remunerando essa diferença de qualidade”, diz o gerente da Unidade de Negócios Biocombustíveis da Camera, João Artur Manjabosco. Ainda não está definido qual será o percentual de sebo que seria acrescido no óleo vegetal. Manjabosco informa que, no Rio Grande do Sul, a mistura média está na casa de 30%.

A meta da Camera é retomar a produção na planta de Ijuí no mês de maio. Além da adição da gordura animal, a expectativa é de que a oferta de soja estará normalizada neste período pela grande safra que o Rio Grande do Sul espera colher. Conforme nota enviada pelo grupo, a decisão pela suspensão da produção basicamente se deu pelo fato de estar no período de entressafra da soja no Rio Grande do Sul, quando a disponibilidade do grão é muito reduzida - sobretudo pela exportação recorde de soja em grãos. De acordo com o comunicado, setores industriais verticalizados como o do biodiesel tornaram-se, ao longo dos últimos três ou quatro anos, muito penalizados quando obrigados a competir com a desenfreada exportação de grãos não processados. Como a empresa não vinha utilizando sebo como matéria-prima de biodiesel, com os preços de venda nos leilões da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a companhia não estava apurando resultado nesta operação, que representa cerca de 20% do faturamento global do grupo.

Questionada se a Camera iniciou um processo de reestruturação financeira, a empresa respondeu que o estatuto social a impede de tratar publicamente assuntos estratégicos relacionados à estrutura de capital da companhia. Outra expectativa da Camera, assim como dos demais empreendedores do biodiesel no País, é de que o governo autorize o quanto antes o aumento da obrigatoriedade da mistura de biodiesel na fórmula do óleo diesel. Atualmente, o patamar é de 5% (B5), e a perspectiva é que se eleve para 7% (B7).

Além da unidade de Ijuí, que tem capacidade para produzir em torno de 650 mil litros ao dia de biodiesel, a empresa está em fase final de montagem de uma planta em Estrela, com o mesmo potencial de fabricação. Os equipamentos dessa usina foram deslocados do complexo que o grupo possuía no município de Rosário do Sul. Inicialmente, a perspectiva era de que a estrutura iniciasse as operações no segundo semestre do ano passado. No entanto, a demora na efetivação do marco legal do B7 foi um dos fatores que atrasou o cronograma. O começo das atividades está previsto, no momento, para outubro de 2014, se houver a melhoria das condições de mercado. Também em Estrela, a empresa conta com uma fábrica de metilato de sódio, que está em operação desde novembro de 2013. O material é utilizado como catalisador na produção de biodiesel e como um intermediário em processamento de alimentos, produtos petroquímicos, plásticos, químicos e farmacêuticos.

Jefferson Klein – Jornal do Comércio