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Sebo bovino

Sebo bovino e o biodiesel


Brasil Econômico - 07 ago 2012 - 10:16
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O biodiesel é um combustível renovável obtido a partir de óleo vegetal ou gordura animal. Esse biocombustível é, portanto, uma alternativa ambientalmente correta, por proporcionar a redução da emissão dos gases de efeito estufa (GEE), em relação aos combustíveis derivados de petróleo. No Brasil, muito se fala dos benefícios do biodiesel produzido a partir de óleo vegetal, que abrange uma ampla variedade de espécies, dentre as quais a mamona, o dendê, o babaçu, a palma, o pinhão-manso, e, com destaque, a soja. No entanto, a produção por meio da gordura animal é pouco mencionada.

O óleo de soja representa cerca de 80% do total de matérias-primas utilizadas para a produção do biodiesel no país. Diante da imensa dependência da soja na produção do biocombustível, o governo prega a diversificação de matérias-primas, mas pouco se fala da opção de produção por meio da gordura animal, sobretudo do sebo bovino.

A invenção do biodiesel de sebo é italiana, mas a vantagem comparativa do Brasil, para esse tipo de produção, é significativa. O país possui o segundo maior rebanho bovino do mundo, segundo o United States Department of Agriculture (USDA), que projeta, para 2012, um total de 247,3milhões de cabeças de gado, frente aos 240,4 milhões de 2011. Do total da produção de biodiesel 14,41% é proveniente do sebo bovino, segundo a Agência Nacional de Petróleo, Derivados e Biocombustíveis (ANP).

O sebo bovino vem ocupando papel relevante na cadeia do biodiesel, ainda que sem incentivos governamentais. O uso dessa matéria-prima é pouco associado à produção do biocombustível, o que pode ser explicado pelo fato do mercado de sebo ser relativamente novo e pela consequente limitação de informações sobre as transações na cadeia produtiva (entre fornecedores, frigoríficos/graxarias, e as plantas produtoras de biodiesel). Apesar disso, a utilização do sebo para a produção do biodiesel é uma grande vantagem ambiental, por representar um descarte eficiente ao produto, oriundo do abate bovino, transformando o potencial dejeto em fonte de energia limpa.

A produção do biodiesel a partir do sebo bovino ainda possui outros benefícios, como o seu custo inferior, em relação ao do óleo de soja; a não exposição a eventuais quebras de safra; a não competição com a produção de alimentos e; o alto grau de aproveitamento da matéria-prima na produção. Vale lembrar, ainda, que essa alternativa, também, não depende das variações de preço da Bolsa de Chicago. Tecnicamente, os pontos positivos do uso do sebo consistem no maior índice de cetano (boa combustão), com relação ao diesel e, até mesmo, ao biodiesel de soja; estabilidade à oxidação, se comparado às oleaginosas; e ponto de fulgor, ambos benéficos à estocagem, sendo que o último representa maior segurança com relação a riscos de incêndio.

A produção de biodiesel com sebo bovino deve ser incentivada. A introdução de regras para a padronização do produto, poderia aperfeiçoar a coordenação na cadeia produtiva e o preparo do mercado na comercialização do sebo bovino e com isso regularizar e expandir a oferta de biodiesel.

Adriano Pires
Tags: Sebo