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Mamona

MDA e Embrapa debatem produção de mamona no Brasil


Assessoria de Imprensa Embrapa - 08 out 2012 - 15:58 - Última atualização em: 29 nov -1 - 20:53
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Mesmo sem aparecer nos gráficos que apontam a participação das matérias-primas na produção de biodiesel, o plantio da mamona cresceu na região semiárida do Brasil impulsionada pelo Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB). Em 2005, o número de agricultores cultivando a oleaginosa estava próximo de 5 mil. Em 2010, chegou a 41,5 mil. “A estabilidade do preço e a garantia dos contratos firmados com as indústrias têm feito a cultura se expandir além de Irecê/BA (região produtora mais tradicional)”, explica o consultor regional de biocombustíveis do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Stephan Görtz.

Em debate com a equipe da Embrapa Agroenergia, esta semana, o consultor do MDA contou que, antes do PNPB, o valor pago ao produtor pelo quilo da mamona variava de R$ 0,30 a R$ 0,60. Atualmente, o preço está na faixa de R$ 1,00 a R$ 1,50. “Mesmo com as condições mais precárias de plantio, a cultura significa um ganho para o produtor, sobretudo em consórcio com outras lavouras como feijão e milho”, afirma Görtz. No estado do Ceará, que tem um programa de incentivo, já são cerca de 20 mil produtores, a maioria agricultores familiares.

A maturação da mamona é desuniforme e ocorre ao longo de três meses. Isso exige um grande volume de mão de obra, especialmente porque a colheita é de difícil mecanização. Dessa forma, a agricultura familiar se torna um bom espaço para a adoção da cultura.

No entanto, ainda há uma série de desafios a vencer para o fortalecimento da mamona na cadeia de produção do biodiesel e de uma série de outros produtos de alto valor agregado, no contexto da indústria ricinoquímica. Primeiramente, as esmagadoras têm um alto custo para ir até os diversos municípios onde estão espalhadas as plantações. Em alguns deles, eles precisam entrar nas cidades para recolher menos de 50 sacas. Isso aumenta o custo de produção, o que muitas vezes, torna a cultura inviável para as indústrias, alerta Görtz.

Além da dispersão geográfica, outros gargalos para o desenvolvimento da cultura são o alto custo da assistência técnica, o uso de técnicas inadequadas de cultivo e a baixa organização dos produtores. Uma das propostas que o Ministério está elaborando para ajudar os agricultores a solucionar alguns desses gargalos é a implantação de Núcleos de Produção Modelo com unidades de teste e demonstração assistidas, preparo de solo, debulha da mamona, armazenamento e uso da casca. A Embrapa Algodão tem investimento no desenvolvimento de cultivares altamente produtivas e adaptadas a regiões semiáridas, como é o caso da BRS Gabriela, lançada em julho deste ano.

Görtz destacou que é preciso desenvolver tecnologias de obtenção de bioprodutos a partir da mamona. “Precisamos aprender a agregar valor às matérias-primas”, enfatiza. A indústria brasileira tem empregado o óleo da mamona na produção de itens como cosméticos e produtos farmacêuticos. No entanto, as características desse óleo e de seus coprodutos dão potencial para a obtenção de diversas substâncias fortemente valorizadas no mercado internacional, tais como ácidos e ésteres. Isso constitui uma oportunidade de mercado a ser explorada pelas indústrias e instituições de pesquisa brasileiras, para aumentar a geração de emprego e renda em toda a cadeia produtiva da mamona. “Esse pode ser um vetor de crescimento econômico e tecnológico do País”, afirma Görtz. O chefe-geral da Embrapa Agroenergia, Manoel Souza, reforça a necessidade de agregar valor à produção de mamona. “Devemos investir no aproveitamento total da mamona, obtendo dela a maior quantidade possível de produtos”, diz. Uma das linhas de pesquisa da Embrapa Agroenergia é o aproveitamento de resíduos e coprodutos de matérias-primas energéticas.

Mesmo produzindo até o momento uma gama de produtos restrita e contando com apenas quatro indústrias esmagadoras, o Brasil atualmente importa óleo de mamona e derivados. Na safra 2010/2011, 5,12 mil toneladas de óleo de mamona chegaram aos portos brasileiros, de acordo com dados dos ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). “O Brasil precisa se organizar para que a mamona seja uma cultura competitiva aumentando a produtividade, a área plantada e a diversificação dos produtos”, conclui Görtz.