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Macaúba

Esalq desenvolve sistema agroflorestal baseado na macaúba


BiodieselBR.com - 24 out 2012 - 17:32 - Última atualização em: 29 nov -1 - 20:53
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Pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP) querem consolidar a exploração Macaúba como uma alternativa de geração de renda para os pequenos produtores rurais que vivem em assentamentos da reforma agrária no Pontal do Paranapanema. A oleaginosa será a peça central de um sistema agroflorestal completo, desenhado de olho nos interesses dos agricultores familiares da região.  

Os trabalhos têm sido coordenados pelo professor do Departamento de Ciências Florestais da Esalq, Paulo Kageyama, que há 15 anos vem trabalhando no desenvolvimento de sistemas produtivos adequados para assentamentos da reforma agrária e agricultura familiar. Segundo o acadêmico, o trabalho começou há cerca de quatro anos em resposta a um edital do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) voltado à criação de oportunidades para a geração de renda no Pontal do Paranapanema – uma das regiões agrícolas mais problemáticas do estado de São Paulo. 

Foi só a partir de então que o pesquisador se encantou com as possibilidades da macaúba – espécie de palmeira nativa rica em óleo que ocorre naturalmente em boa parte do território brasileiro. “Nos deparamos com grandes concentrações dessa espécie no Pontal. Coletamos os frutos e atestamos que eles são mesmo riquíssimos em óleo”, elogia. 

A possibilidade de explorar de forma sustentável os maciços naturais da palmeira acabou se tornando a base de um sistema agroflorestal que associa a produção de bioenergia com segurança alimentar e manutenção da biodiversidade. “Junto com os agricultores de 12 assentamentos da reforma agrária do Pontal e estabelecemos um sistema que inclui de 30 a 40 espécies vegetais. O carro-chefe é a macaúba, mas temos também espécies frutíferas e a produção de serviços ambientais”, explica.

Encerrada a primeira etapa dos trabalhos, o grupo teve seu financiamento renovado pelo MDA por mais dois anos. “O ministério avaliou o resultado de nosso trabalho como ‘muito satisfatório’ por causa da forma participativa como envolvemos a comunidade local permitindo que os agricultores incorporassem essa tecnologia”, diz.

Nessa nova etapa o sistema começa a ser implantado em escala demonstrativa em áreas com tamanho entre um a dois hectares em grupo de 60 agricultores. Ainda vai levar um tempo até que os resultados completos possam ser totalmente atestados, já que é preciso monitorar e manejar mais de 30 espécies diferentes. “A macaúba só começa a produzir depois de 6 ou 7 anos, mas ela é uma espécie perene então vai produzir por muito tempo”, conta. A grande vantagem é que a mescla de espécies torna a produção virtualmente imune à pestes exigindo menos insumos. “Experimentos anteriores mostram que a biodiversidade protege os sistemas agrícolas”, explica.

Extrativismo
Isso não significa que os agricultores terão que esperar esse tempo todo antes de começar a sentir os benefícios. O Pontal possui cerca de 5 mil hectares de maciços naturais de macaúba que podem ser explorados nesse meio tempo. 

A produtividade pode chegar a 5 mil quilos de óleo por ano. Isso coloca a produção potencial de toda a região na casa das 25 mil toneladas de óleo anuais apenas com a exploração dos recursos naturais existentes. Contudo essa conta pode não ser tão redonda. De acordo com Paulo, ao contrário de plantações onde a densidade de árvores por hectare é bem conhecida, nos maciços naturais ela varia muito.

Ainda assim, as perspectivas são tão positivas que os agricultores já estão até se reunindo com uma empresa que estaria interessada em instalar uma unidade esmagadora na região. O pesquisador, entretanto, não conta quem seria esse parceiro.

O óleo obtido com o processamento dos frutos seria usado principalmente na produção de biodiesel. Paulo diz que as amêndoas da macaúba produzem um segundo tipo de óleo que pode alcançar valores de mercado maiores na indústria de cosméticos e alimentar, e que poderá ser explorado numa segunda etapa do projeto.

Fábio Rodrigues – BiodieselBR.com