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Canola

Falta de sementes impede crescimento da canola no Paraná


Gazeta do Povo - 16 jul 2013 - 12:47 - Última atualização em: 29 nov -1 - 20:53

As flores amarelas de canola já colorem os campos de inverno no interior do Paraná. Embora ainda seja pouco representativa na comparação com a soja, a cultura oleaginosa vem vivendo um verdadeiro salto de produção de nos últimos anos – da safra 2009/10 para cá a área plantada cresceu expressivos 210% segundo dados da Conab. Contudo, o aumento da produção paranaense está esbarrando na falta de sementes e de mais empresas de fomento para garantir a comercialização.

Usada principalmente para a produção de óleo vegetal para o consumo humano, a canola ocupa hoje pouco menos de 13 mil hectares no Paraná – o equivalente a apenas 0,29% da área de soja (4,6 milhões de hectares) – e a produção, que em 2008 somava 5,6 mil toneladas, pode chega a 22,7 mil toneladas neste ano.

Pelo menos dois grupos de fomento atuam no Paraná: a AG Teixeira, em Candói, e a BSBios, em Marialva. Segundo representantes das duas empresas, a produção paranaense só não deve ser maior neste ano devido à falta de sementes. Importadas da Argentina, a oferta acabou reduzida em todos os estados brasileiros devido a períodos de estiagem que afetou os campos de multiplicação do país vizinho.

“Estamos finalizando as áreas de fomento de canola da BSBios no Paraná, mas a previsão é de termos cinco mil hectares cultivados nesta safra. Este número só não foi maior devido à redução na oferta de sementes em 2013. Se não houvesse esse gargalo, teríamos demanda pelo menos 30% maior”, afirma o engenheiro agrônomo da BSBios, Raul Trevizan.

Evolução
Em todo o estado, a área plantada cresceu apenas 1% neste ano e a produção deve ser 6% superior à do ciclo anterior, conforme o técnico do Departamento de Economia Rural da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento, Carlos Hugo Godinho. O presidente da Associação Paranaense de Produtores de Canola e dono da empresa de fomento AG Teixeira, Geovani Teixeira, acrescenta que as lavouras que estão florescendo têm boa qualidade.

O produtor Luiz Carlos Gehlen, de Candói, está na sétima safra de canola e concorda com Teixeira. “Até o momento deu tudo certo”, diz. Ele plantou 200 hectares em março e pretende fazer a colheita no final de agosto. O produtor lembra que enfrentou dificuldades no início do cultivo, já que os compradores estavam espalhados pelo estado e a entrega da safra gerava custos altos. Agora, Gehlen concentra a comercialização na empresa AG Teixeira, que também presta assessoria técnica ao produtor.

Embrapa
Conhecida como “soja de inverno”, a canola é uma cultura originária de regiões temperadas. No Brasil, a produção chegou primeiro ao Rio Grande do Sul em 1974. Em 1980, chegou ao Paraná. Esses dois estados até hoje concentram a maior parte da produção brasileira – eles concentra 41 mil dos 43,8 mil hectares plantados no Brasil.

Embora se adapte melhor às regiões frias, a Embrapa Trigo tem se esforçado para levar a oleaginosa para os estados mais quentes. “O cerrado é uma ótima alternativa, o potencial de produção é enorme”, destaca o coordenador de projetos em Pesquisa de Desenvolvimento de Canola da empresa, Gilberto Omar Tomm. As pesquisas de tropicalização do cultivo são realizadas pela Embrapa em parceria com iniciativa privada desde 2003.

Segundo Tomm, a primeira experiência fora do Sul do país ocorreu em Goiás e mostrou que é possível cultivar a canola na mesma terra onde se cultivam a soja e o milho nas safras de verão. Atualmente, também existem iniciativas em Mato Grosso para identificar híbridos com maior adaptação ao ambiente local.

Nos estados do cerrado, a produtividade média tem variado de mil a 2,5 mil quilos por hectare, mas área cultivada ainda é pequena. Além de Rio Grande do Sul e Paraná, apenas Mato Grosso do Sul e Santa Catarina – com produções de, respectivamente, 2,4 mil e 300 toneladas no ano passado – têm alguma representatividade segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Entre as vantagens que a canola traz para o produtor estão: o preço, que é atrelado ao da soja; a sanidade das lavouras, já que a canola tem poucas doenças; e o baixo investimento, pois a estrutura de plantio é a mesma empregada em outras culturas de inverno comuns como a do trigo. “A canola se adapta muito bem ao clima frio, é tolerante a geadas e funciona de forma eficaz no sistema de rotação de culturas, melhorando a produtividade da cultura subsequente. Além disso, não necessita de muito investimento e gera boa rentabilidade”, comenta o engenheiro agrônomo da BSBios, Raul Trevizan.

Maria Gizele da Silva e Tatiane Salvatico - Gazeta do Povo
Com adaptações BiodieselBR.com