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Algas

Cientistas usam calor para resolver extração de óleo das algas


BiodieselBR.com - 02 out 2012 - 09:30 - Última atualização em: 29 set 2012 - 13:02
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Cientistas da Arizona State University (ASU) desenvolveram um novo método que pode ajudar a resolver um dos problemas mais espinhosos em relação ao uso de microalgas na produção de biodiesel: o que fazer para ter acesso aos óleos que essas plantinhas acumulam dentro de suas células. Ao contrário das oleaginosas convencionais, as microalgas não podem ser simplesmente esmagadas em máquinas industriais e os processos que vem sendo usados hoje encarecem o produto final.

A fabricação de biocombustíveis por meio da biomassa de microalgas possui diversas vantagens em relação às atuais matérias-primas utilizadas pela indústria. Além de crescerem em ritmo muito mais rápido do que os produtos agrícolas convencionais – como a cana-de-açúcar ou a soja – e de terem perspectivas de um balanço energético bem mais favorável, elas também não disputam terras agrícolas. A equipe do Instituto de Biodesing da ASU tem estado na linha de frente da pesquisa com microalgas desde 2007. Os esforços deles vêm se concentrando especialmente no uso de engenharia genética para aperfeiçoar linhagens de cianobactérias melhor adaptadas à produção de biocombustíveis e no desenvolvimento de fotobiorreatores que otimizem sua produção.

Mas um dos grandes impedimentos para que essas cianobactérias se tornem matérias-primas viáveis do ponto de vista industrial é seu processamento. Por isso, nos últimos anos, os pesquisadores do Instituto de Biodesign Roy Curtiss e Xinyao Liu vêm tentando modificar geneticamente esses microorganismos para tentar obter uma variedade que libere espontaneamente os ácidos graxos acumulados. “O que queremos é desenvolver culturas de cianobactérias que, basicamente, possam processar a si mesmas”, diz Curtiss.

A ideia que a dupla vêm perseguindo é controlar o processo de síntese de enzimas das algas de forma que, sob condições controladas, elas passem a produzir lipases que irão degradar suas próprias membranas celulares. Há cerca de dois anos eles obtiveram relativo sucesso na criação de um processo nesses moldes que chamaram de Green Recovery.

Contudo, outra dificuldade surgiu conforme tentavam ampliar a escala de produção para atingir níveis industriais. Conforme as culturas de algas se tornavam mais concentradas, a quantidade de luz que conseguia entrar nos reatores caia – as algas na superfície dos reatores sombreavam as do interior. Como o Green Recovery depende da insolação para funcionar bem, a eficácia do processo diminuía.

A equipe de Curtiss encontrou a solução que procurava na natureza, em organismos que crescem em ambientes de altas temperaturas como, por exemplo, fontes termais naturais. Esses organismos sintetizam um tipo especial de lipase que só se torna ativa a partir de determinada temperatura. Eles testaram um total de sete variantes até toparem com a Feridobacterium nodosum, um micoorganismo da Nova Zelândia cuja lipase Fnl obtia bons resultados a 46°C.

Com isso, o grupo pôde desenhar uma nova versão do Green Recovery cujo gatilho é o calor. Dessa forma, o processo funcionaria nas condições necessárias ao processamento industrial. Melhor ainda, o novo processo chega a ser 15% mais eficiente do que a versão original. “Nossos resultados mais recentes são encorajadores e estamos confiantes de que obteremos mais avanços”, finaliza.

Fábio Rodrigues – BiodieselBR.com
Com informações: Phys.org