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Soja

Mudança no crédito faz indústria moer menos soja


Folha de S. Paulo - 09 dez 2011 - 07:25 - Última atualização em: 27 fev 2012 - 13:00

As indústrias voltadas para o agronegócio, que ainda não venceram a batalha da agregação de valor em seus produtos, podem estar ainda mais distantes desse objetivo.

A edição da medida provisória 552, que entrou em vigor no início deste mês, retirando o crédito presumido do PIS/Cofins do setor, deverá reduzir em 10 milhões de toneladas o processamento de soja pela indústria brasileira.

Ou seja, o país vai exportar menos farelo e menos óleo de soja -com valor agregado- e venderá mais soja em grão -de menor valor agregado.

Essa industrialização será transferida para países importadores, como a China, afirma Fabio Trigueirinho, secretário-geral da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais).

Na avaliação de Trigueirinho, o Brasil deixará de exportar 7,5 milhões de toneladas de farelo de soja e 2 milhões de toneladas de óleo.

A retirada do crédito presumido, que é um ressarcimento de 4,62% dos tributos pagos nas etapas agrícolas anteriores, fará a indústria nacional perder competitividade em relação a outros países, que têm políticas de incentivos às exportações de produtos industrializados.

Trigueirinho cita o exemplo da Argentina, país que tem medidas de incentivos à industrialização e deverá ganhar os mercados a serem deixados pelo Brasil.

Em 1995, os argentinos produziam 12,5 milhões de toneladas de soja e processavam 70% desse produto. Atualmente processam 76% dos 52 milhões que colhem.

Já o Brasil, que produzia 25,9 milhões de toneladas em 1995 e processava 78% desse produto, deverá moer apenas 49% dos 75 milhões de toneladas a serem produzidos nesta safra.

Para Trigueirinho, a medida provisória 552 não afetará apenas as indústrias.

Um processamento menor poderia elevar os preços pagos pelos consumidores pelo derivados de soja, como óleo e margarina, além de afetar o fornecimento de farelo para os produtores de carnes.

Já os produtores de soja poderão encontrar uma liquidez menor no mercado, o que desvaloriza os preços.

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