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Miguel Angelo

Começa uma nova fase para o biodiesel no Brasil


BiodieselBR.com - 17 set 2014 - 07:05 - Última atualização em: 17 set 2014 - 09:26
biodiesel evolucao no brasilNo começo de outubro acontecerá o primeiro leilão de biodiesel que irá suprir o B7. Além de comprar mais de 700 milhões de litros, o 39º Leilão de Biodiesel da ANP marcará o início de uma nova fase do setor. Não que a mudança seja óbvia, a verdade é que essas divisões quase nunca são bem delineadas. Contudo, a intensidade da mudança será mais sentida por todos a partir do próximo certame.

Nas últimas semanas, os sinais de que o biodiesel passará por um excelente ano começaram a aparecer. O primeiro deles foi a autorização de ampliação concedida para a usina da Granol em Tocantins.

O tamanho da ampliação não é o importante aqui, mas a intenção da empresa em ampliar. Essa é a primeira autorização de ampliação concedida pela ANP desde dezembro de 2012. Nesses 20 meses, nenhuma empresa teve interesse em investir em capacidade de produção, o que diz muito sobre o estado de espírito dos empresários do setor. Essa autorização à Granol deve ser a primeira de várias outras que o setor presenciará nos próximos meses.

Uma segunda amostra do que esperar do setor de biodiesel veio com os números da produção de julho divulgados no começo deste mês, o setor se viu produzindo mais de 300 milhões de litros de biodiesel em um único mês pela primeira vez em sua história. A responsabilidade por esse feito é da chegada do B6, sem ele seriam produzidos 50 milhões de litros a menos o que retiraria mais de R$ 100 milhões da receita das usinas só no mês de julho.

Se R$ 100 milhões já impressionam, quando a conta é anualizada e considerando o B7, o setor de biodiesel fica muito mais, digamos, bonito. Quando comparado com o que seria o ano se tivéssemos continuado com o B5, em 2015 teremos um consumo de 1,3 bilhão de litros de biodiesel a mais. Transformando esse volume em receita, teremos mais de R$ 2,8 bilhões para o setor.

E esse valor todo é só receita extra, que não haveria se o B5 ainda estivesse em vigor. Nessa conta considero o preço do leilão 38 com os 12% de ICMS que as usinas recebem e é, em boa parte, diferido. Essa conta não considera a melhora na margem de lucro das usinas. Já está claro para parte dos empresários que como B7 a margem será melhor, embora não espetacular como foi nos anos de 2010 e 2011.

É nesse enorme faturamento extra que mais de uma centena de empresas está de olho. Desde fornecedores de insumos, serviços e óleo, passando pelos fabricantes de usinas, até chegar nas empresas que estão produzindo biodiesel desde o início do programa. Todos querem uma fatia dos R$ 2,8 bilhões extras que circularão.

Outro fato que foi divulgado na semana passada reforça a ideia de que o setor passa por um novo momento. Apesar da falta de apoio do governo, o Brasil vem aumento a quantidade de biodiesel exportada. O país exportou até agosto de 2014 mais biodiesel que em todo o ano de 2013. Comparativamente ao que a Argentina exporta, a exportação brasileira é minúscula, mas era uma oportunidade completamente descartada há alguns anos. E o cenário que está sendo montado é para um mercado ainda maior.

Nesta semana a Cargill obteve as certificações internacionais necessárias para exportar. Ao contrário da autorização de exportação na ANP, conseguir esses certificados não sai barato, por isso a intenção da multinacional de exportar é real.

O setor produtivo não aparenta a alegria que todo esse crescimento deveria trazer aos empresários. Talvez porque transmitir uma dose de insatisfação seja uma característica ainda mais dominante. Mas não há dúvidas que, a partir do 39º Leilão de Biodiesel, haverá notável melhora no faturamento e lucratividade das usinas. E essa nova e boa fase que o setor passará a viver deve perdurar até que novas usinas sejam instaladas e novas ampliações sejam finalizadas. Esse prazo garantirá que 2015 seja um dos bons anos para os produtores de biodiesel brasileiro.

Miguel Angelo Vedana, Diretor-Executivo e membro do conselho editorial da revista BiodieselBR