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Biodiesel

Lula: Junte-se ao Brasil e plante petróleo


The Guardian - 07 mar 2006 - 19:27 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:22

O século XXI será marcado por um debate crucial: como podemos fazer com que o desenvolvimento econômico e social seja compatível com a preservação do meio ambiente?

O desafio é enfrentado tanto por países desenvolvidos como em desenvolvimento, mas os ônus precisam ser compartilhados de forma mais igual. A distância entre países ricos e pobres dobrou nos últimos 40 anos. Enquanto o mundo desenvolvido se beneficiou da prosperidade gerada pelo progresso econômico, países pobres sofreram as conseqüências da degradação ambiental resultante do crescimento descontrolado. Países ricos têm modelos de produção e consumo insustentáveis. Estes são responsáveis por 41% do total de emissão de dióxido de carbono, e o seu consumo de matéria-prima é quatro vezes maior do que o de todos os outros países juntos. Nessas condições, não há possibilidade de um futuro sustentável.

A escala dos recursos naturais do Brasil é extraordinária: a região da Amazônia contém 20% da água fresca do planeta, e quase dois terços do país ainda estão cobertos por vegetação natural. Neste contexto, nós temos implementado políticas voltadas diretamente às nossas preocupações ambientais mais urgentes.

Quando assumi meu mandato, o índice de desmatamento no Brasil vinha aumentando, tendo atingido uma média de 27% por ano. A partir da segunda metade de 2004, entretanto, iniciamos ações para monitorar o corte de árvores e para tratar da questão de distribuição de terras. Como resultado, o índice de desmatamento caiu vertiginosamente. Em um país que sofre de desigualdades sociais profundas, entretanto, o sucesso da política ambiental depende, mais do que qualquer outra, das medidas sociais e econômicas que permitam a preservação do nosso meio ambiente.

Nos próximos 10 anos, vamos dispor de 13 milhões de hectares adicionais na região amazônica sob um regime de manejo que garantirá o ciclo de regeneração da floresta. E nosso compromisso com propostas responsáveis se estende para além de nosso próprio território. É imperativo que coloquemos em prática esses compromissos do Protocolo de Kyoto para combater o impacto potencialmente devastador do aquecimento global.

Na busca por novos e sustentáveis modelos econômicos, a comunidade internacional está reconhecendo a necessidade de se repensar radicalmente a geração de energia, e o Brasil tem respondido ao usar, em maiores graus, recursos de energia limpa, renovável e alternativa. Mais de 40% da energia do Brasil é proveniente de recursos “verdes”, enquanto, nos países ricos, esse índice é de cerca de 7%.

O etanol produzido pelo Brasil a partir da cana-de-açúcar tem atraído interesse em todo o mundo, uma vez que é um dos mais baratos e seguros combustíveis derivados de recursos renováveis. Três quartos dos carros produzidos hoje, no Brasil, são bicombustíveis, capazes de funcionar com etanol ou com gasolina, ou ainda com uma mistura de ambos.

O governo implementou iniciativas ambientais que também estão trazendo benefícios sociais – por exemplo, com o projeto de biodiesel. Produzido a partir de plantas oleaginosas, o biodiesel é significativamente menos poluente que o diesel proveniente do petróleo convencional. Como pode ser produzido facilmente por pequenos agricultores nas regiões mais pobres do país, o projeto combina proteção ambiental com desenvolvimento rural, e reduz a desigualdade social. Há um grande potencial para o biodiesel na África.

O Brasil está se preparando ativamente para um novo paradigma de desenvolvimento voltado aos desafios sociais e ambientais das próximas décadas. O etanol e o biodiesel são componentes-chave de nossa abordagem, e nós estamos determinados a “plantar o óleo do futuro”. Eu o convido a se unir à nossa diligência.

Luiz Inácio Lula da Silva é presidente da República do Brasil.

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