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Biodiesel

Investidor tenta cancelar compra de Brasil Ecodiesel


Valor Online - 09 nov 2006 - 18:23 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:22

Corretoras de valores participantes da oferta pública de ações da fabricante de biodiesel Brasil Ecodiesel receberam ontem durante todo o dia uma grande quantidade de ligações de investidores, muitos dos quais interessados em cancelar as reservas de ações realizadas.

A reserva de ações para o varejo acabou na terça-feira. Hoje, termina o processo de venda para os investidores institucionais e será definido o preço do papel da empresa, que tem estréia prevista na Bovespa na segunda-feira. Segundo informações, a demanda no varejo superou em sete vezes a oferta.

Ontem, reportagem do Valor relatou que o maior acionista da Brasil Ecodiesel, detentor de 47,7% do seu capital, tem identidade desconhecida. A propriedade das ações é protegida por uma estrutura de companhias e trusts (espécie de fundo) em paraísos fiscais. No mercado financeiro, a suspeita é que o detentor final das ações seja o empresário gaúcho Daniel Birmann, fundador da Ecodiesel e até recentemente o seu controlador.

Birmann foi inabilitado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para exercer cargos de administrador de companhia aberta. A assessoria de imprensa do empresário nega que ele continue na sociedade da empresa.

Quatro corretoras ouvidas pelo Valor disseram que muitos aplicadores tentaram cancelar o pedido de reserva ou obter mais informações sobre a empresa. Segundo os corretores, ao tomar conhecimento das informações contidas na reportagem, investidores individuais que haviam feito reserva para adquirir lotes do papel telefonaram em busca de mais detalhes. Muitos queriam cancelar a compra. "Preocupados com as notícias, alguns clientes estavam preferindo ficar fora da operação e colocar o dinheiro direto na bolsa ou em outros lançamentos de ações", disse o diretor de uma corretora.

A resposta que esses investidores ouviram foi que o cancelamento já não seria possível, uma vez que o período de reserva havia terminado na terça-feira. O prospecto da oferta, documento que traz os detalhes e regras da operação, informa que o pedido de reserva de ações feito por investidor de varejo é "irrevogável e irretratável". A mesma informação consta dos contratos assinados entre as corretoras e seus clientes. Pela regra da CVM, o banco líder da operação e a empresa emissora é que determinam os termos de subscrição do papel pelos investidores.

A Brasil Ecodisel pretende colocar pelo menos 57% de seu capital no mercado por meio da oferta, captando algo em torno de R$ 700 milhões. Para o varejo, foi reservado um lote mínimo de 10% da oferta total, percentual que poderia chegar a 20%.

Muitos investidores institucionais também procuraram a companhia e os bancos envolvidos na transação em busca de explicações sobre as informações veiculadas pela reportagem. A resposta que ouviram é que Daniel Birmann não é o sócio oculto da Brasil Ecodiesel. No entanto, o nome do acionista controlador também não foi revelado.

Para analistas, o impacto da notícia é menor para o grande investidor. "O investidor institucional está preocupado com a perspectiva do setor que, no caso da Brasil Ecodiesel, é bom", disse o diretor de uma corretora. "O setor tem grande apelo aqui e lá fora e isso deve assegurar a boa demanda", disse um banqueiro de investimentos que não está envolvido no processo.

Além da definição do preço do papel, está prevista para hoje a concessão do registro da oferta pela CVM. Segundo algumas fontes, a autarquia ainda esperava a entrega de documentos adicionais solicitados. Entre eles, detalhes do acordo de acionistas.