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Biodiesel

Depois de 7 milhões de km rodados, aprovam o B5


Gazeta Mercantil - 06 jun 2007 - 06:52 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

A Companhia de Bebidas Ipiranga (CBI), engarrafadora Coca-Cola de Ribeirão Preto, e o Laboratório de Desenvolvimento de Tecnologias Limpas (Ladetel), da Universidade de São Paulo (USP), anunciaram ontem a conclusão do que consideram seja o mais importante teste de uso de B5 (mistura de 5% de biodiesel no diesel de petróleo) em frota cativa no Brasil. Entre setembro de 2004 e dezembro de 2006, 150 caminhões e cinco vans da frota da CBI rodaram 7 milhões de quilômetros e consumiram 108 mil litros de biodiesel de soja e 3,7 mil litros de biodiesel de mamona, produzidos pelo Ladetel em Ribeirão Preto. No total, foram 2,2 milhões de litros de B5.

"O B5 não apenas é viável tecnicamente, como pode dar uma contribuição ambiental significativa quando adotado", disse o professor Miguel Dabdoub, do Ladetel. Ele recomenda que o governo antecipe o uso do B5, mistura que considera ambientalmente mais vantajosa do que a B2. O B2, que já é oferecido nos postos do País, terá uso obrigatório a partir de 2008 e o B5, somente a partir de janeiro de 2014.

Image Depois de reunião fechada com técnicos da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e de vários fabricantes de motores e autopeças, Dabdoub anunciou alguns resultados do teste, cujo relatório será enviado no próximo dia 11 ao Ministério da Ciência e Tecnologia. O B5 de soja proporciona uma redução entre 3% e 5% na emissão de material particulado, enquanto testes anteriores com B2, com maior margem de erro, apontaram para uma pequena elevação na emissão de partículas pretas. Já as emissões de dióxido de carbono - que causam o efeito estufa e o aquecimento global - diminuíram em até 7%, segundo Dabdoub.

Dos veículos testados, dez caminhões e quatro vans foram monitorados com maior precisão. Os fabricantes de motores desses veículos - MWM, Cummins e Fiat (este das vans Ducate) - levaram os motores para laboratórios e retiraram bombas injetoras, bombas de combustível, filtros, canos e tanques (ou seja, peças que entram em contato direto com o biodiesel) para avaliação pelos respectivos fabricantes. "Não houve problema algum com as peças. Também não houve variação de consumo de combustível nem de desempenho dos veículos", disse Ana Maria Trindade, diretora de operações da CBI.

Com frota total de 250 veículos, que abastecem mais de 23 mil pontos de venda no norte de São Paulo e Sul de Minas Gerais, a CBI registrou no período de testes um custo entre 10% e 15% maior com transporte, "por conta da infra-estrutura e do preço do biodiesel, que ainda é maior do que o do diesel", disse Ana Maria. "Queremos partir para o B20", afirmou a diretora da CBI. "Mas, aí, entraríamos em outro patamar de custo e de infra-estrutura. Precisaríamos da parceria com as empresas e possivelmente do governo, que tem interesse direto no projeto", afirmou Ana Maria.

Testes realizados pelo Ladetel, IPT e outras instituições indicam que não há problemas em se usar misturas bem maiores do que B2. "Se o combustível estiver dentro das especificações, não há problema algum", disse Francisco Nigro, pesquisador do IPT e professor da Politécnica. Segundo ele, o IPT já conclui "testes curtos" de motores em bancada com até B20 de mamona e até B100 de soja. "Agora, partiremos para testes de motores em bancada de mil horas, com B50 e B100 de soja e mamona".

Edson Álvares da Costa