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Biodiesel

Biocombustível é "janela de oportunidade" para o Brasil, aponta socioeconomista


Agência Brasil - 05 mar 2006 - 23:21 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:22

A produção de biocombustível é uma "janela de oportunidade" para o desenvolvimento rural, especialmente no Brasil, afirmou ontem (4) Ignacy Sachs, socioeconomista polonês radicado no Brasil e na França. Na abertura da plenária do Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável (Condraf), ele propôs um viva! à atual crise do petróleo: "Eu participo de discussões internacionais sobre o meio ambiente desde 1972. Trinta anos de nosso discurso não tiveram o efeito que seis meses de preço alto do petróleo tiveram no sentido de incentivar a adoção de biocombustíveis".

Na avaliação do socioeconomista, o programa público brasileiro de biodiesel acerta ao dar incentivos para o setor, e o país tem grande potencial na área pelo sucesso na implantação do álcool como combustível automotivo, desde os anos 70. Sachs lembrou estudo que realizou em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae): segundo ele, uma propriedade na Amazônia com 20 hectares cultivados, sendo 10 deles de dendê pode sustentar entre 3 e 4 postos de trabalho, caso haja uma parceria com uma unidade de processamento do óleo da palmeira.

O especialista destacou que, para o sucesso de projetos como o do biodiesel, é preciso desenvolver políticas públicas para auxiliar na mediação entre os agricultores e as grandes empresas de processamento agroindustrial. "Pode-se apelar à responsabilidade social das empresas, mas eu não penso que isso nos leve tão longe", disse ele, para explicar a necessidade de apoio público à garantia de transparência e justeza nessas relações.

Para Sachs, a ascensão dos biocombustíveis é um bom exemplo do chamado "desenvolvimento desde dentro" (ou a partir de dentro), tese defendida pelo economista chileno Oswaldo Sunkel. "O desenvolvimento rural pode ser a mola propulsora do desenvolvimento nacional", disse o polonês.

Ele também previu um desenvolvimento ainda maior para o setor dos biocombustíveis por causa dos avanços tecnológicos, que permitem, por exemplo, a transformação de restos vegetais, como cascas ou palha, em álcool. Segundo Sachs, esses avanços tecnológicos também vão impedir que haja conflito entre a produção de bioenergia e de comida. Para ele, o futuro será dos sistemas integrados, em que várias culturas dividem espaço, servindo o resíduo de uma como insumo de outra.

A 2ª Conferência Internacional sobre Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural, evento organizado pelas Nações Unidas em parceria com o governo brasileiro, acontece a partir de segunda-feira (6), na capital gaúcha. A plenária nacional do Condraf também termina na segunda.