Biocombustíveis, petróleo e pré-sal

// 11 setembro 2009 // Energia renovável

Lula apresenta o primeiro óleo da camada pré-sal

Lula com o primeiro óleo da camada pré-sal

Até onde os bilhões ou até possíveis trilhões de dólares oriundos do petróleo no subsolo nacional poderão comprometer os biocombustíveis no Brasil?

“Petróleo sempre traz muitos problemas porque envolve muito dinheiro. O pré- sal é uma tentação, porque quando você encontra um tesouro pode modificar sua vida”, disse o embaixador da França para Negociações Climáticas, Brice Lelonde em um evento no Rio de Janeiro.

O setor brasileiro de biocombustíveis olha com certa apreensão esses enormes campos de petróleo da camada pré-sal. E não é por menos, afinal teremos combustível líquido fóssil em grande quantidade para suprir o mercado interno e grande excedente para atender a exportação. Qualquer governante se sentirá tentado a fazer uso dessa facilidade energética e sujar mais nossa matriz energética.

Por outro lado, vemos o mundo caminhar em outro sentido. Os combustíveis renováveis estão em voga e não por acaso. O aumento dos gases do efeito estufa e a segurança energética dos países dependentes do petróleo exigem outras soluções.

Fenômenos climáticos extremos, secas, chuvas em excesso, temporais, ciclones e tornados são a cada ano mais freqüentes e em alguns casos em lugares onde historicamente nunca aconteceram. Muitos cientistas já alertavam que o aquecimento global causaria esses efeitos.

Alguns países passaram a encarar a segurança energética com a mesma determinação da segurança alimentar. E a produção de biocombustíveis com matérias-primas internas aparece como solução para boa parte dos problemas. Etanol de segunda geração utilizando restos agrícolas e resíduos de plantas, o chamado etanol celulósico, parece ser a melhor opção da segunda geração de biocombustíveis, dizem pesquisadores dessa área.

Para o biodiesel a grande esperança está nas algas. A enorme capacidade de produção de óleo desses seres unicelulares e a produção em escala comercial é o foco de centenas de pesquisadores espalhados pelo mundo. Num horizonte mais próximo, o biodiesel tem o dendê, com sua produção já comprovada de mais de 5 mil quilos por hectare, e diversas outras plantas potenciais como o pinhão-manso, a macaúba e o crambe.

Segundo alguns cientistas, o petróleo não deve acabar, mas será substituído gradativamente por outras energias. Aí entram os biocombustíveis, a energia elétrica, e possivelmente o hidrogênio como as principais alternativas. Em alguns países da Europa já se fala em projetos para 2030 com 30% dos carros movidos a eletricidade. O Brasil lidera a corrida mundial na utilização de combustíveis líquidos renováveis em sua frota, mas grande parte dos outros países do mundo já está usando biocombustíveis misturados na gasolina e no diesel e muitos ainda possuem projetos para incluir os biocombustíveis em sua matriz energética nos próximos anos.

A pressa em iniciar a extração de óleo da camada pré-sal é vista por alguns analistas como necessária para que o Brasil obtenha bons preços na venda do petróleo nas próximas duas ou três décadas. Contudo essa renda poderá não se sustentar além desse tempo se for consolidado o uso de outros combustíveis ou energias.

As pesquisas mundiais por fontes alternativas não diminuirão com a exploração do pré-sal brasileiro. Assim, espero que esse petróleo todo que começa a ser prospectado sirva de estímulo para o Brasil intensificar o desenvolvimento de energias renováveis.

Univaldo Vedana

Catálogo do biodiesel 2010



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