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Retrospectiva 2007: Biodiesel na Petrobras


BiodieselBR.com - 13 jan 2008 - 16:26 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

A Petrobras anunciou em 2007 sua estratégia de transformar-se de estatal de petróleo em grande companhia de energia. Com o objetivo de “liderar o mercado de petróleo, gás natural, derivados e biocombustíveis na América Latina” – como afirmou o gerente-geral de Comércio de Produtos Claros da Petrobras, Edgard Manta – a empresa estimou investimentos de R$ 808,4 milhões em projetos de álcool e biodiesel no ano. O montante, visa garantir a exportação de 3,5 bilhões de litros de álcool em 2011, e a produção de 855 milhões de litros de biodiesel.

Uma parte importante dos planos, no entanto, não vingou: o H-Bio (diesel feito com óleo vegetal direto na refinaria). O começo da produção do H-bio, anunciado logo no início do ano, iria consumir investimentos de R$ 150 milhões, aplicados em quatro refinarias onde o combustível seria fabricado.
A aposta da empresa na sua nova tecnologia foi alta. “A produção de diesel pelo processo H-Bio poderá consumir até 1,05 bilhão de litros ao ano de óleo vegetal quando for atingida a adaptação de dez refinarias de petróleo da Petrobras no País”, disse Edgard Manta em um evento em junho. Segundo ele, o médio prazo, cinco refinarias adaptadas ao H-Bio utilizariam 425 milhões de litros de óleos vegetais para conversão a diesel.

Mas, dependente do óleo de soja, cujo preço bateu recordes históricos em 2007, o projeto teve de ser adiado em agosto. Segundo a empresa, não valia a pena, naquele momento, vender o H-bio ao mesmo preço do diesel derivado de petróleo.

Mesmo assim, a tecnologia foi apresentada ao  presidente  Luiz Inácio Lula da Silva, que em outubro visitou o Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da Petrobras (Cenpes), no Rio de Janeiro. Na visita, o Presidente conheceu os testes para produção do biodiesel, a partir de duas rotas tecnológicas distintas, patenteadas pela Petrobras, e a planta experimental de produção de etanol a partir do bagaço de cana-de-açúcar.

Os demais planos de expansão da estatal, no entanto, caminharam ao longo do ano. A empresa iniciou a construção de três usinas – Quixadá (CE), Cadeias (BA) e Montes Claros (MG) – previstas para entrar em operação em março de 2008. Juntas elas produzirão mais de 170 milhões de litros de biodiesel por ano. O cronograma de inauguração foi mantido também para Quixadá, cujas obras ficaram paralisadas por uma semana por causa da greve dos 450 operários contratados pela empreiteira Intecnial S.A. A greve foi motivada pela descoberta de irregularidades trabalhistas e terminou depois de um acordo entre a empresa de engenharia e os operários.

Mais usinas

Além das três usinas, a Petrobras anunciou, em dezembro, a construção de uma quarta planta em Palmeira (PR), também prevista para começar a operar em 2008. A fábrica terá capacidade de produzir 113 milhões de litros por ano. Também no final de 2007, a estatal confirmou a intenção de construir dez novas usinas até 2010, projetos para os quais não descarta a possibilidade de buscar parceiros.

A busca por parcerias já tinha sido sinalizada em março, quando o gerente de desenvolvimento energético da Petrobras Mozart Schmitt Queiroz afirmou à imprensa que a empresa avaliava propostas para fechar negócios e estava disposta a associar-se com empresas do setor.

Na época estavam na mira da estatal sociedades anônimas e de propósito específico, perfil no qual se enquadravam Brasil Ecodiesel, Agropalma (Controlada pelo Banco Alfa), Granol, Barrálcool, Biocapital, BSBios e Oleoplan.

A primeira parceria, no entanto, veio com uma empresa estrangeira. Em julho a Petrobras e a companhia portuguesa Galp Energia assinaram um acordo para criar uma joint venture para produção e distribuição de biocombustíveis. Em maio, as duas empresas haviam assinado um memorando de colaboração que previa a exportação de óleo vegetal e biodiesel para Portugal, onde seriam refinados nas unidades de Sines e do Porto.

O acordo provocou reações contrárias nos produtores portugueses de biocombustíveis, que acusaram o negócio de não reduzir a dependência energética de Portugal e encarecer o preço dos biocombustíveis. Em comunicado emitido em julho, a associação portuguesa dos produtores e transformadores de biocombustíveis disse que “a política do Governo é aberrante e cria condições de concorrência desleal aos produtores face ao gigante Galp”.

A Petrobras terminou o ano realizando dois leilões de biodiesel, pela primeira vez sem a intermediação da ANP, e fazendo previsões bem otimistas para 2008. Em dezembro, o presidente da BR Distribuidora, José Eduardo Dutra, disse que a companhia lançaria um esforço para incentivar grandes empresas a consumir uma mistura maior do que os 2% em suas frotas cativas, a exemplo do que já faz a Vale, que adiciona 20% do bicombustível em seus veículos. (RM)