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Retrospectiva 2007: Matérias-primas


BiodieselBR.com - 13 jan 2008 - 16:26 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

A disparada nos preços das matérias-primas, tanto no mercado interno quanto no externo, marcou o ano dos produtores de biodiesel e chegou a provocar a suspensão de investimentos em novas usinas. 

Na falta da mamona, a oleaginosa mais incentivada pelo Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) e que teve produção decepcionante, a indústria precisou contar com o óleo de soja, cujos preços bateram recordes seguidos ao longo de 2007.

Em um cenário tão desfavorável aos lucros, a saída para os produtores de biodiesel foi buscar alternativas no ano que passou.  O setor começou a flertar com o sebo bovino, a ver com bons olhos o óleo de cozinha reciclado e a interessar-se por uma oleaginosa das mais promissoras: a Jatropha curcas L., ou pinhão-manso.

Assim, 2007 terminou com a certeza de que, se depender da soja, a produção de biodiesel nacional corre sério risco. O alerta para o perigo foi dado em maio, com a divulgação de dados da consultoria Céleres: o custo de produção do litro do biodiesel com soja chegava a R$ 1,91 e tornava o negócio inviável diante do preço médio de R$ 1,82 atingido nos cinco leilões da Agência Nacional de Petróleo (ANP) realizados até aquele momento.

Temerosa, a indústria adiou investimentos. O efeito foi sentido especialmente no Estado do Mato Grosso do Sul, que atraiu grupos interessados em instalar usinas no Estado, mas viu a maior parte dos projetos serem abandonados. Pelo menos 10 grupos, dos 16 que haviam apresentado cartas-consulta ao Governo do Estado, suspenderam os planos de implantação de usinas de biodiesel por lá. O principal motivo: a incerteza causada pelo preço da matéria-prima.

Em setembro, representantes do setor levaram o problema a uma audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e defenderam a diversificação da matéria-prima para produção do biocombustível no país. “Ainda é alta a dependência da soja. O ideal é que fosse crescendo a participação (de outras matérias-primas) para permitir a diversificação”, disse na época o presidente do conselho de administração da União Brasileira do Biodiesel (Ubrabio), Juan Diego Ferrés.   

O óleo de soja fechou o ano com cotação média de R$ 2.305 a tonelada, alta de 31% em relação aos R$ 1.757 de dezembro de 2006, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove). O aumento ajudou a puxar para cima também o preço do sebo bovino, que em 2007 passou a disputar o mercado de biodiesel ao entrar nos planos de várias usinas.

As cotações do sebo bovino saíram de R$ 550 a tonelada em fevereiro de 2006 para fechar 2007 a R$ 1.705, de acordo com dados da Safras & Mercados e da Uniamérica. A impressionante variação agradou os pecuaristas brasileiros, já animados com uma declaração dada, em abril, pelo secretário de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Linneu Costa Lima.

Segundo disse Lima, o sebo bovino é fundamental para que o país consiga a exportar o biocombustível para a Europa. “Está claro que, se o Brasil quiser exportar biodiesel um dia, terá que utilizar 30% de sebo bovino em sua composição”, afirmou o secretário durante palestra no Congresso Internacional da Carne, em São Paulo. Segundo ele, somente com o uso do sebo bovino o Brasil poderá chegar a um biodiesel de composição semelhante ao utilizado na Europa.

Outra alternativa surgida em 2007 foi o cambre, cujo registro de cultivar foi obtido em setembro pela Fundação MS, de Maracaju (MS). Segundo o engenheiro agrônomo Carlos Pitol, responsável pelas pesquisas do crambe na Fundação MS, a produtividade nos campos experimentais da fundação foram de 1.400 quilos por hectare em 2007.

Já na região de Caarapó, a 60 quilômetros de Dourados, os experimentos da empresa Agrenco Bioenergia com o crambe alcançaram 800 quilos por hectare. Outros experimentos nos municípios de Eldorado e Naviraí, também no Mato Grosso do Sul, a produtividade alcançada foi de 1.300 quilos por hectare.

Além da Agrenco, a Rural Biodiesel, de Eldorado (MS), e a Biopetro, de Londrina (PR), apostaram no cambre e ofereceram a agricultores do Paraná e Mato Grosso do Sul, sementes para o plantio e garantia de compra da produção.

Veja também:

Pinhão-manso
Mamona
Óleo de cozinha