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Análise da Semana: 01.jun.07


BiodieselBR - 01 jun 2007 - 18:11 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

Análise Semanal 01.jun.07

Olá assinante.

O BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - divulgou esta semana que os desembolsos para financiamentos de usinas de álcool e biodiesel serão de R$ 3,5 bilhões em 2007, contra R$ 2,1 bilhões em 2006. Para este ano o banco tem nove operações ativas, quatro já contratadas com investimentos totais de R$ 540 milhões e financiamentos de R$ 450 milhões.

A liberação desses recursos para projetos de usinas de biodiesel vai depender da qualidade dos projetos apresentados. Se forem do mesmo nível que o Banco Mundial tem recebido os recursos correm o risco de não serem emprestados.

O Banco Mundial informou esta semana que até o momento não aprovou nem um projeto de biodiesel. O banco analisa entre outros itens a lucratividade prevista no projeto que em função dos altos preços da matéria prima (óleo de soja) no Brasil a projeção de lucros não existe, ou de projetos com plantas exóticas, com pequenas áreas plantadas até o momento. Outra análise do banco é quanto ao perfil do empresário, que em projetos de biodiesel surgem interessados sem experiência e projetos com problemas na produção agrícola, de logística e localização.

Linhas de financiamento para projetos de biodiesel existem, tanto por instituições financeiras brasileiras como por bancos, fundos e investidores estrangeiros que buscam os biocombustíveis no Brasil. O que estas instituições precisam para a aprovação do financiamento são planos de negócios bem formatados, estruturados, que contemplem todo o processo, desde a produção da matéria-prima até o comercialização do produto final, e principalmente, que apresentem resultados e capacidade de pagamento dos valores financiados.

Mas as linhas de crédito do BNDES já foram responsáveis pelo financiamento de diversas usinas no Brasil, como a Granol, Caramuru, Bertin, Bsbios e Barrálcool, que têm capacidade instalada para produzir mais da metade do biodiesel necessário para a mistura obrigatória (B2) a partir de 2008. Com esse aumento de recursos disponíveis muitas outras usinas poderão se estabelecer e garantir a produção necessária para alcançarmos a mistura de 5% de biodiesel no diesel.

O BNDES é o caminho para as grandes usinas, enquanto para o financiamento de pequenas usinas o melhor caminho é via Banco do Brasil, que tem linhas especiais de financiamentos de máquinas e equipamentos. Para o Centro-Oeste, o Banco do Brasil dispõe do FCO (Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste). Em outras regiões tem a linha FINAME que financia máquinas e equipamentos de produção nacional. Os recursos do FINAME provêm do BNDES e são repassados pelos agentes financeiros credenciados aos beneficiários finais de acordo com a política de crédito de cada instituição.


Os Óleos Vegetais
No ano passado Malásia e Indonésia decidiram que cada país iria dispor anualmente de seis milhões de toneladas de óleo de palma para biodiesel, mas muito pouco foi produzido até agora. A Malásia produziu 107 mil toneladas de biodiesel no primeiro trimestre de 2007 e dos 90 projetos de usinas de biodiesel, somente seis estão produzindo. As previsões não são otimistas para a futura industrialização de biodiesel nos dois países em virtude do alto preço do óleo de palma. Os produtores de óleo de palma estão vendendo o óleo bruto ou refinado para fins alimentícios em detrimento da produção de biodiesel em função do alto preço no mercado internacional. Os aumentos do preço do óleo de palma nos últimos oito meses foram similares à valorização do óleo de soja.

A dificuldade de produzir biodiesel com lucro utilizando óleos vegetais com cotações internacionais (commodities) fica cada vez mais distante. É consenso entre analistas e consultores que os preços dos óleos vegetais permanecerão atrelados ao preço do petróleo, ou seja, em um patamar elevado. Esse problema da lucratividade na produção de biodiesel é global e não só da Malásia, Indonésia ou Brasil.

Os principais óleos vegetais produzidos no mundo (palma, soja, canola, girassol e gorduras de animais) não terão condições de atender a crescente demanda por combustíveis, mesmo com aumentos expressivos de produção ano após ano, pois há a necessidade de atender também o setor alimentício que segue crescendo.

Um estudo feito pela Embrapa dizendo “que pode faltar matéria-prima para a produção mundial de biocombustíveis” é considerado otimista, pois na realidade óleos vegetais já estão em falta, por isto seu preço está alto e com tendência a permanecer nestes patamares ou até subirem mais.

Segundo Décio Gazzoni, pesquisador da Embrapa, “se não houver articulação dos governos e investimentos em tecnologia, a oferta de biocombustíveis não vai conseguir acompanhar a demanda”. Situação que já está acontecendo com vários produtores que precisam cumprir seus contratos de venda de biodiesel e buscam agora renegociar seus contratos, além da crescente demanda externa por biodiesel.


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